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Obama pode optar por suave ruptura ao indicar novo presidente do Fed

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eua bernankeO presidente americano Barack Obama tem uma situação incomum na esfera econômica: os dois principais concorrentes à presidência do Federal Reserve, o Banco Central americano, são democratas como ele próprio: Janet Yellen e Lawrence Summers, ambos ex-conselheiros do ex-presidente Bill Clinton. Desde 1987, quando Paul Volcker cedeu a cadeira a Alan Greenspan, a autoridade monetária americana esteve nas mãos de republicanos.

Ben Bernanke, que sucedeu Greenspan em 2006 por indicação de George W. Bush e foi reconduzido por Obama em 2010, já deixou claro que deixará o cargo ao fim do atual mandato, em 31 de janeiro de 2014. O presidente americano deve decidir, muito provavelmente entre Janet e Summers, até o fim de novembro deste ano.

Janet, atual vice-presidente do Fed, e Summers, ex-secretário do Tesouro de Clinton, têm mais afinidades: ambos são considerados, em maior ou menor grau, keynesianos (pensamento econômico oriundo dos escritos de John Maynard Keynes, que defende o papel do Estado na regulação da economia); e dão sinais de se preocuparem não só com a estabilidade da moeda, mas também como crescimento da economia e redução do desemprego.

Em fevereiro, convidada para um evento da AFL-CIO – a maior organização sindical americana – Janet preparou um discurso intitulado “Uma recuperação dolorosamente vagarosa para os trabalhadores americanos: causas, implicações e a resposta do Fed.” Nele, defendeu as compras de ativos feitas pelo Banco Central americano e outras “políticas não convencionais” para elevar a demanda. E disse também:

“Essas não são apenas estatísticas para mim. Nós sabemos que desemprego de longo prazo é devastador para trabalhadores e suas famílias. Alta incidência de desemprego aumenta o risco de as pessoas perderem suas casas e tem sido um fator que contribui para a crise dos despejos.”

Num artigo para o jornal britânico ‘Financial Times’ publicado no mesmo mês, Summers afirmou que “uma economia fraca e criação limitada de emprego faz o crescimento na classe média se tornar impossível, pressiona orçamentos ao restringir a receita fiscal, e ameaça investimentos públicos e privados essenciais em educação e inovação. Pior, mina o exemplo americano num período perigoso do mundo.”

Professor do Departamento de Economia da Universidade John Hopkins e pesquisador visitante do Fundo Monetário Internacional (FMI), Lawrence M. Ball evita dizer como um Fed liderado por Janet seria diferente de outro liderado por Summers.

Autor do livro “Congress, the President and the Federal Reserve” (sem edição brasileira), o professor de política americana da Universidade de Maryland Irwin L. Morris argumenta que a escolha de Janet não significaria uma grande ruptura.

“Não significa que não haja mudanças de políticas, mas não seria uma mudança dramática. Acho que a influência do presidente do Fed é muito superestimada. Os fundamentos políticos e econômicos têm um papel muito mais forte”, afirma Morris.

Em artigo publicado no último sábado (31) no jornal americano ‘The New York Times’, o prêmio Nobel de Economia Paul Krugman avalia, porém, que Summers poderia, uma vez dentro do Fed, distanciar-se de suas posturas favoráveis ao crescimento econômico e se aproximar das demandas do setor financeiro.


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