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Dilma confirma cancelamento de viagem oficial aos EUA

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Numa decisão que vinha sendo insinuada desde a revelação de que o governo americano espionara as comunicações da presidente Dilma Rousseff e da Petrobras, o Palácio do Planalto anunciou na terça-feira o cancelamento da viagem presidencial aos Estados Unidos, marcada para o dia 23 de outubro.

dilma obama

No governo, a avaliação é de que não há clima para a viagem de Dilma após as suspeitas de espionagem promovida pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) tendo o Brasil como alvo. O assunto foi tratado pela presidente em duas oportunidades com o colega americano Barack Obama — na cúpula do G-20, em São Petersburgo, na semana passada, e na segunda-feira, por telefone —, mas as explicações não teriam sido satisfatórias, na opinião do governo. Nem o Itamaraty nem a Presidência revelaram detalhes da conversa de segunda-feira, que se iniciou às 18h30min e durou 30 minutos.

O adiamento, afirmam interlocutores de Dilma, seria a melhor solução, a fim de dar tempo para que o assunto saia do noticiário e se possam discutir questões econômicas. Na nota oficial sobre o assunto, o Planalto refere-se a “práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro” e qualifica o ocorrido de “fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais”. O texto expressa o desejo do Planalto de que, “uma vez resolvida a questão de maneira adequada, a visita de Estado ocorra no prazo mais breve possível”.

A resposta do Brasil foi informada com antecedência aos Estados Unidos, e o anúncio por meio de comunicado foi decidido de comum acordo, segundo o Planalto. Na semana que vem, no discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, Dilma pretende criticar o monitoramento. Duas semanas atrás, a presidente havia mandado cancelar a viagem a Washington da equipe preparatória, que cuida de toda a logística da visita e define os detalhes da agenda. Na semana passada, Dilma declarou que a ida dependeria de “condições políticas” a serem criadas por Obama.

No Congresso, a oposição dividiu-se sobre a decisão. Enquanto DEM e PSDB concordam que a presidente teria errado em sua postura, o PSOL diz que a medida não resolve o problema da suposta espionagem do governo americano, mas considera que Dilma agiu corretamente ao ser mais “dura” com a potência do Norte. Membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) avalia que a presidente brasileira foi precipitada e deveria aguardar uma explicação do governo Obama antes de cancelar o encontro. Azeredo acredita que Dilma tomou a decisão “com base no conselho dos marqueteiros”.

Num dia de mornidão no noticiário internacional, o cancelamento da visita da presidente ganhou destaque em meios de comunicação estrangeiros. Para o americano The Washington Post, a decisão será “no curto prazo, prejudicial para o país”. Para o espanhol El País, o gesto foi “inteligente, mantendo de pé a posição brasileira de exigir mais explicações sobre a espionagem”.


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