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Ao paralisar governo, oposição abraça risco político nos EUA

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As manchetes dos jornais americanos de terça-feira expressam incredulidade com o fracasso colossal do Congresso americano de chegar a um acordo para financiar o governo federal a curto prazo.

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O que parecia um jogo infantil de batata-quente horas atrás começou a ter repercussões sobre o funcionamento das instituições americanas: cerca de 800 mil trabalhadores federais são afetados, ficarão em casa, trabalhar sem remuneração ou apenas parcialmente; agências e departamentos federais processando todo tipo de formalidades para empresas e indivíduos vão deixar trabalho acumular; e criou-se um potencial para a proliferação de pequenos dramas privados, como o possível cancelamento de dezenas de cerimônias de casamento marcadas para ocorrer na National Mall, a zona de museus, parques e jardins que é o cartão-postal de Washington.

À medida que o impasse se arraste, as repercussões serão maiores também sobre os principais atores políticos envolvidos nele. Uma pesquisa de opinião divulgada pela universidade Quinnipiac indicou que o ônus recairá principalmente sobre o partido Republicano: 74% de 1,5 mil pessoas entrevistadas por telefone na semana passada desaprovam o desempenho dos parlamentares da sigla nesse tema – o pior nível histórico de popularidade dos legisladores republicanos, segundo a universidade.

Os congressistas democratas também merecem a censura do eleitor, ainda que em menor intensidade (60% na pesquisa da Universidade Quinnipiac), enquanto a aprovação do presidente democrata Barack Obama supera levemente a desaprovação (49% a 45%).

Obstáculo ideológico

Não é a primeira vez que as desavenças do Congresso paralisam o governo federal americano – a última ocorreu durante o governo Clinton, em 1995-96 – mas desta vez o elemento ideológico dificulta que se vislumbre um horizonte para a crise.

Os deputados republicanos querem que qualquer resolução para custear o governo federal nas próximas semanas inclua o adiamento do item crucial da reforma da saúde capitaneada por Obama em 2010: a obrigatoriedade de que todos os americanos estejam cobertos por um plano de saúde a partir de janeiro do ano que vem.

“Chantagem política” é a palavra que a Casa Branca está usando para se referir a essa tática. Nesta terça-feira, o porta-voz do presidente, Jay Carney, reiterou que a reforma da saúde foi aprovada pelo Congresso (em 2010), confirmada pela Suprema Corte  e corroborada pelos eleitores nas urnas.

Na terça, (1), o Senado rejeitou a quarta resolução da Câmara de Representantes que propunha um adiamento da legislação da saúde em troca de reabrir as torneiras federais.

Por outro lado, muitos deputados republicanos eleitos em distritos conservadores – de olho nos interesses imediatos do seu eleitorado – argumentam que foram eleitos para derrubar a lei do “Obamacare” e querem fazê-lo a todo custo.

Eles pertencem ao chamado movimento conservador Tea Party, que o governo acusa de “manter o país refém” para servir aos seus propósitos.

Muitos analistas acreditam que, sem a influência do Tea Party, o partido republicano concordaria com uma resolução “limpa”, ou seja, autorizando o financiamento do governo sem o penduricalho legal que bloqueia o Obamacare.

Enquanto os americanos estão divididos quanto à sua aprovação do Obamacare (45% aprovam a lei e 47% desaprovam), 58% das pessoas são desfavoráveis a que os congressistas usem o financiamento do setor público federal como arma contra a legislação (contra 38% que acham a estratégia válida).


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