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Brasil: Presídio que PCC quer evitar tem 0% de fuga

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Para a organização criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC), ficar preso não significa sofrer “privação completa da liberdade”, como diz o dicionário.

Mesmo atrás das grades, os bandidos do PCC ordenam assassinatos, encomendam armas e drogas e planejam resgate de presos e atentados contra policiais militares e autoridades, segundo uma investigação do Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo.

A investigação, que durou três anos e meio, fez com que o MPE pedisse a prisão de 175 suspeitos de envolvimento com o PCC e a transferência de 32 presos – a cúpula do PCC – para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, a 580 km da cidade de São Paulo.

O PCC ameaçou fazer revolta nos presídios, ataques nas eleições de 2014 e uma “Copa do Mundo do terror” caso membros de sua cúpula, atualmente em presídios do interior de São Paulo, sejam transferidos para o RDD, unidade de segurança máxima que tem 0% de fuga em 11 anos de existência.

Para ser admitido no RDD, o preso tem que ter autorização da justiça. Destinado a criminosos que oferecem alto risco para a sociedade, o regime conta com celas individuais, visitas controladas, apenas duas horas por dia de banho de sol, nenhuma comunicação com outros presos, nem acesso a TV, rádio ou jornais.

A legislação permite que o detento fique no máximo um ano sob RDD, com possibilidade de renovação do período se a necessidade for comprovada.

Além de escutas telefônicas de celulares que entraram ilegalmente nas prisões, as provas reunidas por promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPE incluem depoimentos de testemunhas, documentos e apreensões de drogas e armas.

A investigação mostrou que o PCC planejava assassinar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e que também vinha tentando entrar na política.

Após a divulgação da investigação, Alckmin anunciou uma série de medidas para intensificar o combate ao crime organizado. Entre elas, acelerar o processo para instalações de bloqueadores de celular em 23 presídios.

A investigação revelou que a facção tem cerca de 6.000 membros presos e mais de 5.000 em liberdade em São Paulo e 22 outros estados, além de parceiros na Bolívia e no Paraguai. O maior faturamento é com o tráfico de drogas – R$ 8 milhões por mês –, seguido de R$ 2 milhões com uma espécie de loteria promovida pela facção nas prisões e mensalidades de seus “associados”, segundo as investigações.

O grupo domina 90% dos presídios paulistas e conta com uma reserva de armas com uma centena de fuzis, além de sete imóveis no valor de R$ 7 milhões.

Em 2006, oito dias de rebelião em presídios e ataques contra bases da polícia resultaram na morte de 31 agentes públicos e 110 suspeitos de envolvimento com o PCC. Em 2012, outra ordem do PCC resultou no assassinato de mais de 100 policiais.

Nas escutas, o líder máximo do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chegou a afirmar que a queda no número de homicídios no estado – de 12.818, em 1999, para 4.835, em 2012 – se deu graças à atuação do PCC.


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