Os jogadores do Corinthians quebraram o silêncio sobre a invasão do CT Joaquim Grava. Três dias depois do dia de terror, o grupo emitiu uma nota oficial em que lamenta o próprio desempenho em campo, mas diz não admitir novos episódios de violência como aqueles ocorridos no último sábado, e anunciam o apoio à paralisação do Campeonato Paulista.
“Não admitiremos mais nenhum desrespeito ao nosso compromisso de profissionais dedicados e honestos com o clube e sua enorme massa torcedora. A nossa vida e a nossa segurança valem mais do que qualquer contrato ou interesse político/financeiro/particular de terceiros”, disse o documento, publicado no site oficial do Corinthians.
A fala contra as organizadas é uma novidade para os jogadores, que sempre adotaram um discurso mais político, de não-generalização e diálogo. O entendimento geral, porém, é que os limites foram ultrapassados no último fim de semana, quando o elenco passou mais de três horas trancafiado dentro do CT, enquanto cerca de 200 torcedores vandalizavam o seu ambiente de trabalho. Paolo Guerrero, herói do Mundial de Clubes, chegou a ser agredido.
“Estamos fartos com a irracionalidade e com os atos de violência impunes que envolvem inúmeras situações ligadas ao futebol. As cenas grotescas vividas neste último sábado por nós jogadores e por todos os funcionários do SCCP determinam que uma tragédia sem precedentes está prestes a ocorrer no ambiente de trabalho de qualquer clube de futebol profissional no país e nós não seremos coniventes com isso”, disse a nota.
Os jogadores também colocaram o argumento das organizadas contra elas mesmas. Em episódios de violência, é comum que as facções argumentem que sofrem preconceito quando há generalização.
“Assim como há uma maioria de jogadores dedicados e profissionais, há também, como em qualquer profissão, jogadores menos responsáveis e menos comprometidos. Nos momentos de derrota e nas fases difíceis, os torcedores revoltados se sentem no direito de nivelar por baixo e tratar todos os atletas da mesma forma. Mas quando, em momentos de crise e de violência, as torcidas organizadas, compostas por pessoas boas e pessoas ruins, sofrem esse mesmo preconceito e são tratadas como um todo, se revoltam com a injustiça”, disse o texto.
Além disso, os corintianos demonstraram apoio público à paralisação proposta pelo sindicato. Os jogadores querem que o Campeonato Paulista seja suspenso por conta dos episódios ocorridos no CT Joaquim Grava.
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