Léa Campos: Brasileirão Feminino

Não sei se este brasileirão patrocinado pela CBF traduz o desejo das que sonham com nosso reconhecimento.
Os critérios para escolha dos Estados participantes não me convencem, pois deixa de fora estados que têm real importância dentro do futebol feminino.

O Rio Grande do Sul por exemplo, está fora do chamado Brasileirão Feminino.
Segundo a entidade a escolha dos clubes participantes baseia-se no ranking nacional dos clubes, não posso entender como o estado que mais aporta jogadoras para a seleção brasileira esteja fora de uma competição a nível nacional.
Uma competição que vai mobilizar 20 equipes, mas não empolga a torcida e não atrai patrocínio.
Um campeonato brasileiro que conta com 7 equipes paulistas, em detrimento de outras equipes.
Entendo que sendo o presidente da CBF paulista, demonstra interesse em seu estado, o que prova falta de tato para convocar os clubes para participarem do evento.
A lista dos clubes convidados:
1.Ferroviária – SP
2. Kindermann – SC
3. São José – SP
4. Vitória – PE
5. São Francisco – BA
6. ADECO – SP
7.Foz Cataratas – PR
8. Duque de Caxias – RJ
9. Iranduba – AM
10. Vasco da Gama – RJ (substituído pelo Piauí)

11.São Paulo – SP

12.Santos – SP

Flamengo – RJ
América – MG

15.Caucaia – CE

Viana – MA

17.Pinheirense – PA

Rio Preto – SP

19.Portuguesa –SP

20.Botafogo – PB.

Segundo a entidade, a competição tem como data inicial prevista (?) para ser realizada entre 09 /09 e 08/11.
Creio que será uma competição fraca, opinião reiterada pelos próprios especialistas, que como eu, veem a competição bastante enfraquecida.
Apesar de tudo devemos ficar contentes, pois de uma forma ou de outra estão ouvindo nossos gritos.
Vamos continuar lutando, nossa meta agora é a profissionalização do futebol feminino e todo seu entorno.
Em minha época arbitrar futebol não era uma profissão, quando sofri o acidente tive inúmeros problemas para ter um atendimento humano e decente, tinha minhas economias o que de alguma forma me ajudou, já que a empresa na qual me acidentei não se fez responsável.
Minha família, meus amigos, a imprensa e pessoas que tomaram conhecimento das dificuldades que enfrentava, me ajudaram com tudo que puderam.
É para evitar que situações como esta se repitam, que temos que lutar para profissionalizar o futebol feminino no Brasil.
Nosso governo gosta de xerocar coisas de outros países, este seria um bom item para ser copiado e colocado em prática o mais rápido possível.
Países com menos história no futebol que o Brasil, já profissionalizaram suas atletas, por que o governo brasileiro insiste em ignorar a potencialidade do futebol feminino?
Não pode dizer que não dará certo se não tentar. Se não fossem as tentativas não existiram medicamentos para cura de tantas doenças.
É preciso investir na ideia de que o futebol feminino brasileiro é grande, fosse o contrário não teríamos tantas atletas jogando em outros países, e Marta não seria 5 vezes a melhor jogadora do mundo, competindo com jogadoras que recebem mais atenção, apoio e incentivo que nossas jogadoras.
Chega de sermos humilhados pelos homens que se autodenominam reis do futebol. Houve época em que éramos celeiro de craques masculinos, hoje ao que parece este celeiro tem outro proprietário. As meninas que jogam futebol.
não pedalam, não fazem o estilo cai, cai, não cometem as faltas que estamos acostumados presenciar no futebol masculino, e marcam gols lindíssimos, e por estarem ganhando não fazem firulas, buscam mais e mais gols.
Lembram do vergonhaço ou mineiraço? A Alemanha fez 7 gols porque não pedalaram e não fizeram o joguinho cai, cai, além de deixar que a seleção brasileira jogasse, fizeram 7 gols e não fizeram mais por respeito ao país sede da “Copa das Copas”. Estamos juntas em mais esta batalha, lembrando sempre que água mole em pedra dura tanto bate até que fura ou acaba a água.
Além do mais somos maioria no Brasil, por isso: MULHERES UNIDAS JAMAIS SERÃO VENCIDAS.

Informar é um privilégio, informar corretamente uma obrigação.

Léa Campos