By: Julia Neves
A agência internacional de classificação de risco Moody’s rebaixou, nesta quarta-feira (24), a nota de crédito do Brasil em dois graus de uma vez: do último nível dentro do grau de investimento para categoria de especulação. A agência também colocou o Brasil em perspectiva negativa, indicando que pode sofrer novo rebaixamento. Outras duas grandes agências — Standard and Poor’s e Fitch — já haviam retirado o selo de bom pagador do país no ano passado.
Em nota, a Moody’s afirma que a decisão foi tomada por dois fatores: a política fiscal desafiadora e o ambiente político interno em deterioração. Em sua avaliação, com a economia encolhendo, a agência prevê que a dívida bruta do país pode superar 80% do Produto Interno Bruto (PIB) no período de 2016 a 2018. “O fraco apoio político à presidente e à sua administração oferece pouca perspectiva de reformas de maior alcance durante o horizonte do rating”, aponta o comunicado.
Para a Moody’s, uma elevação na nota de crédito do país em curto prazo é “improvável”, já que o país continua tendo déficit primário e não há nada que indique que o rombo fiscal vai diminuir. Mas, segundo a agência, pressões positivas sobre o rating podem ocorrer se as autoridades resolverem os desequilíbrios fiscais.
Efeitos
Ainda que já fosse esperado no mercado financeiro, o rebaixamento pela Moody´s é um duro revés no cenário brasileiro. A nota atribuída a um país é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir dela, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.
Em meio à crise econômica, o rebaixamento pode provocar uma queda nos investimentos, fazendo com que as empresas enfrentem mais dificuldades – o que acaba afetando, como consequência, emprego e renda. Além disso, alguns especialistas apontam como efeito imediato a alta do dólar e das taxas de juros.
Terceira a retirar grau de investimento
Entre as três grandes agências internacionais, apenas a Moody’s mantinha o Brasil com grau de investimento. A Standard and Poor’s (S&P) foi a primeira a retirar o selo de bom pagador, em setembro do ano passado. Há uma semana, a agência voltou a rebaixar a nota brasileira. Em dezembro, foi a vez da Fitch, que ao mesmo tempo colocou a nota do país em perspectiva negativa, indicando que ela pode voltar a ser rebaixada.
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