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Belga pede autorização para eutanásia por não aceitar a própria sexualidade

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Um homem gay belga quer receber autorização legal para morrer. Para isso, argumenta que sofre psicologicamente por não conseguir aceitar sua sexualidade.

Identificado apenas como Sébastien, ele diz já ter pensado cuidadosamente sobre o momento em que sua vida chegará ao fim.

A eutanásia é legal na Bélgica desde 2002. No ano mais recente em termos estatísticos, 2013, houve 1.807 casos no país, a maioria deles de pessoas idosas sofrendo de doenças terminais – apenas 4% tinham distúrbios psiquiátricos.

Sébastien diz ter feito terapia durante 17 anos, além de tomar remédios, e acreditar não ter outra opção. Ele afirma sentir atração por homens jovens e adolescentes e ter traumas de infância.

A lei belga estabelece que, para ter direito à eutanásia, os pacientes precisam demonstrar constante e insuportável sofrimento psicológico ou físico.

Nos casos de transtornos psicológicos, três médicos precisam concordar que pôr fim à vida do paciente, caso essa seja sua vontade, é a melhor opção. Mas Sébastien está determinado a buscar a autorização.

Há imenso apoio público à eutanásia na Bélgica. O número total de casos aprovados tem crescido anualmente desde 2002 – dois anos atrás, a lei foi alterada para permitir a prática inclusive para crianças em estado terminal.

Mas especialistas debatem se isso deveria se aplicar a pessoas que são mentalmente frágeis.

Caroline Depuydt, psicóloga que trabalha no hospital psiquiátrico Clinique Fond’Roy, em Bruxelas, diz que prefere encorajar pacientes a buscar tratamento.

Todas as mortes na Bélgica são revistas por um comitê de médicos e advogados. Para Gilles Genicot, professor de legislação médica da Universidade de Liége e membro do comitê que revê os casos de eutanásia, o caso de Sébastian não preenche o critério legal para a prática.

“É bem mais provável que ele tenha problemas psicológicos relacionados à sua sexualidade. Não consegui encontrar um traço de alguma doença mental nele. Mas o que você não pode fazer é simplesmente desconsiderar a opção de eutanásia para pacientes”, afirmou.

“Esses pacientes podem entrar no espectro da lei se todos os tratamentos prescritos pelos médicos falharem e três médicos concluírem que não há mais opções”.

O pedido de Sébastien foi aceito inicialmente – ele precisa passar por mais exames para que seja determinado se a lei se aplica ao seu caso.

O homem mostra ceticismo ao ser questionado sobre a possibilidade de desistir da eutanásia.

“Se alguém me desse uma cura milagrosa, por que não? No momento, porém, eu não acredito mais. Estou cansado”.

Apesar de estar calmo a respeito da decisão de morrer, ele admite que isso afetará as pessoas à sua volta.


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