Charles Henderson adorava seu carro conversível, especialmente por que dava partida, trancava e destrancava o veículo pelo celular. Era um dos primeiros modelos de veículos “conectados” que sincronizavam com smartphones.
Mas ficou espantado ao descobrir que, após vender o automóvel, ainda conseguia controlá-lo com o respectivo aplicativo em seu celular. “Poderia descobrir onde ele está, destrancá-lo remotamente, dar partida e levá-lo embora”, conta.
Henderson, do Texas, é diretor da X-Force Red, um braço da IBM que testa esquemas de defesa de empresas – tanto físicas quanto digitais. “Tentamos pensar como um criminoso sem agir como um”, diz.
Por isso, antes de vender o carro a uma revendedora, ele se assegurou de efetuar a reinicialização e limpeza de qualquer dado pessoal do computador de bordo do carro. Ele não queria que o novo dono tivesse acesso ao calendário, contatos e registros de seu telefone.
Henderson comprou um novo veículo conectado produzido pelo mesmo fabricante e ficou surpreso quando notou que seu carro antigo ainda aparecia no aplicativo, junto ao novo.
“Estes dispositivos de ‘internet das coisas’ são muito inteligentes, mas não o suficiente para saber que foram vendidos”, diz.
“Informei a concessionária de automóveis, mas eles não sabiam como resolver o problema. Então fomos ao fabricante do carro e demorou para que eles levassem isto a sério. E eles notaram que é muito difícil interromper esse acesso.”
Dados pessoais deixados em dispositivos alugados ou próprios podem representar um sério risco – hackers podem ter acesso a eles e usá-los para praticar chantagem ou roubar dinheiro usando identidades clonadas.
“Quando alugam um carro, muitos motoristas sincronizam seus telefones com o bluetooth de bordo sem pensar que os dados vão permanecer no computador do carro. E eles não vão nem pensar em apagar as informações antes de devolvê-lo”, diz Henderson.
“Assim, eles podem revelar dados confidenciais corporativos ou privados involuntariamente”, acrescenta.
Ian Fogg, analista na empresa de pesquisa IHS Markit, acrescenta: “Seu smartphone é agora uma central de várias experiências, seja do seu carro conectado ou da sua casa inteligente”.
“Então é muito importante proteger seus dados, e quando vender seus bens ou dispositivos com os quais houve sincronização, esteja certo de que toda a informação pessoal foi totalmente removida”, acrescenta.
Richard Stiennon é diretor estratégico da Blancco Technology Group, companhia especializada em remoção de dados. Ele admite que é mais fácil falar do que realmente apagar os dados.
Apagar informações de um carro conectado é mais difícil do que de laptops, discos removíveis e celulares. Imagine todos os modelos de carros, com seus próprios sistemas operacionais e aplicativos, sendo sincronizados com inúmeros modelos de celulares que também têm suas próprias versões de sistemas operacionais.
Então, na próxima vez que você alugar um carro conectado, é recomendável perguntar à locadora as opções de remoção de dados que eles oferecem e se eles podem te dar uma comprovação escrita de que seus dados pessoais foram totalmente apagados.
Comments