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Cientistas brasileiros criam programa para diagnosticar esquizofrenia e transtorno bipolar através do relato de sonhos

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Pesquisadores brasileiros demonstraram que os relatos sobre os sonhos podem ser uma forma mais precisa de diagnosticar doenças mentais, como esquizofrenia e transtorno bipolar. Eles até desenvolveram um programa de computador para isso.

O grupo conta com o neurocientista Sidarta Ribeiro, a psiquiatra Natália Mota, ambos do Instituto de Cérebro da Universidades Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e o físico Mauro Copelli, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Para diagnosticar doenças mentais, os psiquiatras utilizam hoje uma série de questionários e contam com sua experiência para interpretar as respostas de quem estão examinando. É diferente da medicina, que pode se valer, por exemplo, de exames de sangue para detectar infecções ou diabete e do raio-X para verificar a existência de alguma fratura.

Ribeiro explica que o psiquiatra, que treinou muitos anos para isso, identifica no comportamento e na história do paciente os sinais e sintomas de sofrimento mental. “De acordo com a combinação deles, em um determinado intervalo de tempo, ele pode fechar o diagnóstico, seguindo diretrizes estabelecidas por sociedades da área”, diz.

“Mesmo assim, essa forma de exame ainda é muito dependente da avaliação subjetiva do profissional, que pode não ter acesso a todos os dados necessários, precisando muitas vezes de um longo período de observação e contato.”

Para criar um método para auxiliar o psiquiatra a fazer um diagnóstico menos subjetivo e mais preciso, os pesquisadores desenvolveram formas de medir computacionalmente certos sintomas, que tradicionalmente são detectados de modo pouco quantitativo em um exame do estado mental. “Transformamos a sequência de palavras do discurso na representação matemática denominada grafo”, explica Ribeiro.

Grafos são diagramas em que cada palavra é representada por um nó e a sucessão temporal delas por arestas (conexões entre os nós). É uma espécie de representação gráfica do discurso, ou seja, da fala de alguém.

Tecnicamente falando eles mostram ainda o grau total médio (média do total de arestas que entram e saem de um nó); maior componente conectado (total de nós no maior subgrafo em que todos eles sejam conectados entre si); e maior componente fortemente conectado (LSC – de largest strongly connected component -, total de nós no maior subgrafo em que todos eles sejam mutuamente conectados entre si).

“Essa representação permite medir diversos sintomas, como logorreia (verborragia ou profusão de frases sem sentido), alogia (dito absurdo), fuga de ideias e salada de palavras”, diz Ribeiro.

De acordo com ele, relatos de sonho são mais difíceis de serem elaborados no momento que é preciso contá-los a alguém. “Existe mais incerteza e a necessidade de evocar memórias mais profundas”, diz. “Por serem mais complexos, eles são mais úteis ao diagnóstico psiquiátrico, pois pessoas com danos cognitivos, como, por exemplo, portadores de esquizofrenia, os contam de maneira muito simplificada, pouco conectada.”

O trabalho dos pesquisadores da UFRN e UFPE rendeu vários artigos científicos, como um publicado este ano, que foi o primeiro a demonstrar que a estrutura da linguagem medida por grafos em pessoas com psicose está correlacionada com aspectos neurais medidos por ressonância magnética anatômica e funcional.


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