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Léa Campos: Pioneirismo

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É gratificante quando vemos uma mulher lutar contra tudo e contra todos para conquistar um objetivo e ser vencedora.

Em alguns aspectos me identifico muito com a jornalista Anna Marina, colunista do caderno Feminino/Masculino no jornal Estado de Minas.

Hoje aos 83 anos Anna é homenageada por sua brilhante trajetória.

O jornal completa 90 anos de vida e Anna dedicou 60 anos de vida ao jornal queridinho dos mineiros.

Anna conta que era a única mulher na redação do Estado de Minas e do Diário da Tarde, enfrentou o machismo com altivez, sabedoria e mineirice, trabalhando em silêncio conquistamos o que desejamos.

Numa época em que a mulher não podia beber cerveja em público, somente champanha ou drinks perfumados, ela saía com os colegas e tomava o que eles tomavam, com isso ela foi aos poucos marcando seu território e conquistando os colegas.

Me lembro a primeira vez que tomei uma cerveja em público, foi exatamente numa lanchonete que ficava no mesmo prédio do jornal EM, Rua Goiás com Bahia, quando sentei sozinha e pedi uma cerveja, o garçom foi perguntar ao gerente se podia me servir ou não, depois de algum tempo optou por servir-me. No café Pérola na Av. Afonso Pena, aconteceu algo similar, pedi um café expresso no balcão e disseram que não podiam me servir por ser mulher.

Do alto dos meus 18 anos era difícil entender o ocorrido, hoje eu entendo e rio da situação daquele então.

Voltando à minha homenageada, ela teve que se impor como mulher e como jornalista.

O caderno assinado por Anna completa 50 anos, o que prova que para vencer tem que ser teimoso, honesto e presente, o jornalista não é um inventor de fatos e sim um formador de opinião.

Não é fácil ser primeira em posições que somente aceitam homens. Como juíza de futebol, jornalista e radialista enfrentei muitos dissabores, mas não desanimei e como Anna Marina, venci todos os obstáculos.

Por isso me repudia certas atitudes de quem quer fazer o mesmo, mas não se respeita.

Meu slogan desde que iniciei no jornalismo e meu lema profissional é: “Informar é um privilégio, informar corretamente uma obrigação”.

Para os que iniciam no meio informativo, sempre digo que jornalismo não é profissão e sim sacerdócio.

Parabenizo à nobre colega por seu empenho jornalístico e por ter nos emprestado por tanto tempo sua tenacidade, sua inteligência e nos obsequiado com tantos eventos que na época de ouro eram mostrados no Automóvel Club, clube emblemático de nossa querida Belo Horizonte.

Não posso deixar passar em branco que o outdoor da homenagem leva o nome de minha prima, a estilista IORANE (Guimarães), é um orgulho ver que Iorane também conquistou sua meta e seu espaço.

Somos lutadoras e destemidas, por isso triunfamos, somos mulheres que buscamos respeito e visibilidade.


Social Press . 20/09/2018

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