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Com apoio de Trump, jovens de origem hispânica querem patrulhar fronteira dos EUA

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A política migratória do governo Trump não afasta latinos do trabalho de impedir a entrada de imigrantes ilegais em solo americano.

Eles chegaram usando sapato e camisa, botas de vaqueiro e jeans, sandálias e bermudas. Alguns trabalhavam no varejo, outros como cozinheiros e garçons, e muitos tinham servido no exército. No dia 13 de abril, mais de 150 homens e mulheres – a maioria de origem hispânica – foram ao quartel-general da Patrulha da Fronteira dos Estados Unidos, no Vale do Rio Grande, sul do Texas. Era um evento de recrutamento para o setor mais movimentado da agência.

A Patrulha da Fronteira e a agência da qual ela faz parte, Proteção da Fronteira e Alfândega, têm sido amplamente criticadas por implementar algumas das políticas de imigração mais rigorosas do presidente Donald J. Trump: limitar o número de solicitações de asilo processadas diariamente e, a partir do ano passado, separar membros de uma mesma família. Mas essa não é a narrativa dominante no local. Pouco mais da metade dos agentes é de origem hispânica. Faz gerações que o trabalho na Patrulha da Fronteira tem sido uma estável ocupação oferecendo um salário de classe média para famílias americanas de origem mexicana.

“Basicamente, é o emprego mais procurado no vale”, disse Andrew Canales, 22, nascido e crescido na região. “O salário é bom”, completou a namorada dele, Savannah Reyna, 19. Desde quando assumiu o cargo, o presidente Trump buscou reforçar a fronteira sul com mais cercas e policiamento mais intensivo. Ele assinou uma ordem prevendo a contratação de 5 mil novos agentes da Patrulha da Fronteira, mas a agência enfrenta problemas para recrutar e treinar agentes, principalmente nos trechos mais remotos dos 3.100 quilômetros da fronteira com o México. O processo de contratação pode levar quase um ano, lentidão decorrente de um demorado processo de verificação de antecedentes testes com detectores de mentiras que levam muitos candidatos a buscar outras alternativas.

A Patrulha da Fronteira tem agora aproximadamente 19.500 agentes, cerca de 1.800 a menos do que o número previsto pelos recursos do congresso. Assim, a Patrulha da Fronteira ampliou as iniciativas de recrutamento em todo o país, principalmente no sul do Texas, onde e realizada uma ampla campanha de marketing. Os anúncios de contratações são publicados no Instagram e no Twitter, e a agência investiu no cultivo de boas relações para mostrar seu papel de integrante da comunidade do vale, não muito diferente da estratégia usada por redes locais de supermercados e bancos. O Vale do Rio Grande continua sendo o principal ponto de entrada não autorizada nos EUA, com mais de 78.900 membros de famílias e 42.300 adultos apreendidos desde 1.º de outubro. Lá, onde a renda média dos lares é de apenas US$ 37 mil anuais, a agência se tornou um importante fator para impulsionar uma economia que também depende muito do comércio com o México, além da agricultura e do turismo.

“Se tivermos 3 mil agentes da Patrulha da Fronteira aqui no sul do Texas, isso significa pelo menos 2.500 lares comprados, e provavelmente 5 mil veículos”, disse Rick Cavazos, agente aposentado e atualmente prefeito da cidade de Los Indios, na fronteira. O expressivo comparecimento na feira de empregos da Patrulha da Fronteira parecia sinalizar que a agência goza de apoio nessas comunidades fronteiriças, onde a maioria do eleitorado é democrata. A região foi muito afetada pelo aumento no número de imigrantes chegando da América Central, mesmo com a agência reforçando a segurança e atraindo críticas de alguns grupos. Um magro venezuelano de 19 anos, Michael Giambra, que vive em Edinburg, disse ganhar US$ 8 por hora trabalhando no drive-thru de uma lanchonete. Uma recrutadora veterana da agência, Maria Guerrero, frequenta a lanchonete, e tem conversado com Giambra há meses. Durante uma visita tardia para buscar o jantar, ela o convidou para a feira de empregos e, para surpresa dela, ele compareceu.

“Sei que, antigamente, trabalhar na Patrulha da Fronteira era um ótimo emprego – um salário decente para proteger nosso país”, disse Giambra depois de entregar sua documentação. “Agora a organização é criticada pelos mesmos motivos. Por razões políticas”. Jason Castro, 19, disse que a mãe o incentivou a participar da feira de empregos depois de ver uma publicação de Maria no Facebook. Castro, que trabalha em uma loja de roupas, disse que muitos de seus parentes trabalharam com policiamento e ele queria fazer o mesmo. As etapas para receber um distintivo incluem um longo período na Academia da Patrulha da Fronteira, no Novo México. Então há testes e treinamento adicional em um campo perto da fronteira. Giambra disse acreditar que conseguirá a aprovação – desde que se dedique aos estudos. Em relação aos exames posteriores ao treinamento, um recrutador disse que os candidatos a agentes têm mais dificuldade com a prova de direito e imigração. Mas Giambra imagina que terá tempo para dominar a matéria. Se a recompensa for um emprego com futuro, ele está disposto a tentar. “Seu empregador é o governo federal americano”, disse. “Não é um trabalho em uma lanchonete qualquer.”


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