Léa Campos: Vamos Continuar Amassando Barro

Não podemos permitir que o futebol feminino seja tratado como esporte de segunda. O futebol feminino no Brasil é uma realidade e precisa ser respeitado.

Temos jogadoras fora de série que são obrigadas a sair do país, por falta de incentivo e, principalmente, falta de condições para treinar e conquistar espaços. Os dirigentes precisam entender que nossas meninas querem jogar e até mesmo para jogar em outros países precisam de uma vitrine.

Os homens não fazem nada para apoiar o futebol feminino e algumas mulheres que são colocadas em alguma entidades não estão preocupadas com o desenvolvimento dessa modalidade. Silvia Regina é uma das poucas que realmente luta pela continuidade das meninas na luta pelo espaço, quer seja jogando, apitando, auxiliando dirigindo, enfim em qualquer gama do futebol. Temos que encontrar uma forma de seguir em frente. Sem incentivo financeiro, nem treinamentos constantes, sem jogadas ensaiadas, nosso futebol feminino não sairá de onde está. Acabam de despedir Vadão, pela segunda vez.

Técnico não ganha jogo, mas se não tem caráter para se impor não chega a lugar nenhum. A Emyle, quando esteve à frente da seleção feminina, mostrou que não está preparada e deixou se envolver por amizades. Quando ela saiu do comando da seleção, Cristiane chantageou dizendo que se a técnica não retornasse, ela não jogaria mais pela seleção. Este tipo de picuinha não pode e não deve ser tolerado.

O técnico tem que saber de futebol, ser um criador, criar técnicas, saber jogar o suficiente para ensinar o que ele quer que elas façam em campo. Tem que treinar cobranças de faltas, pênaltis, passos longos e saber combater sem cometer faltas. Se isso não acontecer nenhum treinador conseguirá nada. Não adianta obrigar os clubes a criar equipes femininas, se não oferecer os meios para dar continuidade ao trabalho. Não ganharemos nunca um título mundial com ajuntamento de jogadoras às vésperas da competição. A luta é diária e tem que continuar até conseguirmos nosso objetivo maior: o reconhecimento e o respeito a nível mundial.