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Cartéis mexicanos usam campos de extermínio para sumir com centenas de pessoas

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À primeira vista, o lugar parece mais um campo entre vários na Sierra de Cucharas de Tamaulipas, no nordeste do México. Mas a região abriga centenas de pessoas que foram mortas pelo cartel Los Zetas.

Ativistas que exploram a região em busca de restos humanos a chamam de “Ejido 7”. Está dentro da reserva El Cielo, uma das reservas naturais mais belas do México. Mas a beleza da paisagem contrasta com o que acontece ali. Durante vários anos, a organização criminosa Los Zetas usou o local para desovar suas vítimas. “É um campo de extermínio”, disse à BBC Graciela Pérez Rodríguez, fundadora da organização Milynali Red CFC, que busca pessoas desaparecidas no México “Um ponto de extermínio para onde eles levaram pessoas sequestradas. Lá elas foram executadas e queimadas”, afirmou Pérez Rodríguez

Não se sabe quantas pessoas foram mortas nessa área, mas ativistas estimam em 200 o número de vítimas. Mas, quando Enrique Santillán Trejo, responsável por Los Zetas na região, foi preso em 2014, ele disse que seu grupo havia matado pelo menos 500 pessoas. Muitos foram executados na Serra de Cucharas e seus corpos cremados. De muitas vítimas, restaram apenas fragmentos de ossos, dentes e algumas roupas. Nos últimos anos, a organização criada por Pérez Rodríguez e especialistas da Procuradoria Geral da República mexicana coletaram mais de 100 kg desse tipo de restos mortais. Todos são analisados na esperança de encontrar algum rastro genético que permita saber a quem eles pertencem. Até agora, foram identificadas 12 de pessoas.

Segundo o Ministério do Interior (Segob), existem pelo menos 6 mil pessoas desaparecidas no estado. Cerca de 79% são homens, de acordo com dados da FGR. A Procuradoria observa que há muitas pessoas na lista de desaparecidos que vendem comida, que são estudantes, trabalhadores, migrantes da América Central ou donas de casa, por exemplo. Esse se tornou um dos problemas mais graves do México. Até fevereiro de 2019, dados oficiais contabilizaram 40 mil pessoas desaparecidas, 1,1 mil covas clandestinas e 26 mil corpos sem identificação nos necrotérios do país. O subsecretário de Direitos Humanos da Segob, Alejandro Encinas, diz que o México se tornou “uma enorme cova clandestina”. A crise piorou porque diferentes governos aplicaram uma estratégia de segurança errada, afirma Ana Lorena Delgadillo, diretora da Fundação para a Justiça e o Estado Democrático. No caso dos desaparecidos “eles se esqueceram deles, as instituições não cumpriram sua obrigação de procurá-los”, disse ela à BBC Mundo. Muitos parentes das vítimas assumiram essa responsabilidade e, de fato, foram eles que encontraram muitos túmulos clandestinos.


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