Presidente dos EUA anunciou demissão no Twitter; ele disse que vai nomear novo conselheiro na próxima semana. Bolton visitou o Brasil em novembro do ano passado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu nesta terça-feira (10) o conselheiro nacional de segurança, John Bolton. Ele foi o terceiro a ocupar o cargo durante a presidência de Trump, e assumiu o posto em março do ano passado. O motivo da demissão foram “discordâncias fundamentais” sobre como lidar com políticas externas em relação ao Irã, Coreia do Norte e Afeganistão, segundo o jornal “The New York Times”. Em novembro de 2018, Bolton visitou o Brasil e se reuniu com Jair Bolsonaro. Ele foi o primeiro emissário do governo Trump a visitar o então presidente eleito.
Trump anunciou a demissão de Bolton no Twitter: “Eu informei a John Bolton ontem à noite que os serviços dele não são mais necessários na Casa Branca. Eu discordei veementemente com muitas das sugestões dele, assim como outros [o fizeram] na administração, e, assim… eu pedi a John sua carta de demissão, que me foi entregue nesta manhã. Eu agradeço muito a John pelo seu trabalho. Irei nomear um novo Conselheiro de Segurança Nacional na semana que vem”, escreveu o presidente americano.
As tentativas do governo Trump de buscar aberturas diplomáticas com inimigos dos EUA, como o Irã e a Coreia do Norte, desagradam funcionários como Bolton – que não confiava nos dois países, diz o “New York Times”. A tensão entre os dois foi agravada nos últimos meses pelas decisões de Trump de suspender um ataque aéreo ao Irã – planejado em retaliação à derrubada de um drone americano – e de se encontrar com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, na Zona Desmilitarizada, além de atravessar a fronteira entre as duas Coreias.
Além disso, o presidente americano continua a dialogar com o líder da Coreia do Norte apesar da recusa dele em renunciar ao seu programa nuclear – e dos repetidos testes com mísseis de curto alcance. Trump também manifestou vontade de se encontrar com o presidente Hassan Rouhani, do Irã, e até de estender financiamento a curto prazo a Teerã. A oferta, entretanto, foi rejeitada. Apoiadores de Bolton afirmam, segundo o jornal americano, que o agora ex-conselheiro seria a pessoa capaz de frear o que temiam ser uma diplomacia ingênua – que Bolton seria capaz de evitar estragos no mandato de um presidente sem experiência em política externa. Trump, entretanto, reclama há muito tempo, em particular, que Bolton estava disposto a levar os Estados Unidos a outra guerra.
Visita ao Brasil
Bolton visitou o Brasil em novembro do ano passado. Ele se encontrou com o então presidente eleito Jair Bolsonaro na casa dele, no Rio de Janeiro. No encontro com Bolton foram discutidos assuntos como o comércio entre os dois países, a situação da Venezuela, relações comerciais com a China e segurança. Na ocasião, John Bolton elogiou a eleição de Bolsonaro e disse que o fato era um sinal positivo para a América Latina. Em fevereiro deste ano, Bolton também se encontrou com o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, em Washington.
Belicista
Dono de frases polêmicas e de uma fama de belicista e nacionalista, John Bolton já foi embaixador temporário dos Estados Unidos na ONU e figura-chave da Guerra do Iraque. O cargo na ONU ele abandonou quando percebeu que não teria sua nomeação aprovada pelo Senado americano, como informa a rede BBC.
Há décadas ele é uma figura proeminente em política externa no círculo republicano, tendo participado dos governos de Ronald Reagan, George Bush e George W. Bush. A maioria dos postos que ocupou estavam nos departamentos de Justiça e de Estado – o equivalente americano ao Ministério de Relações Exteriores. Bolton é um defensor do “poder americano” e do fortalecimento das fronteiras. Ele já defendeu atacar a Coreia do Norte e o Irã. Ele defendeu bombardeios americanos contra os iranianos em 2008 e em 2015, enquanto o então presidente Barack Obama costurava um acordo de paz entre os dois países – depois desfeito por Trump. Durante a Assembleia Geral da ONU de 2018, em Nova York, Bolton ameaçou o governo do Aiatolá Ali Khamenei sobre “sérias consequências” caso o país desafiasse os EUA – fala descrita como a mais agressiva da diplomacia americana contra o Irã “em décadas”.
Comments