Como é a guerra contra as quadrilhas no México

O interior do veículo é o lugar mais seguro para o comandante, na frente de 80 homens grandes e mal-encarados. Enquanto move o volante, Héctor Zepeda, Teto, verifica o WhatsApp e abraça seu R-15 como se fosse um seguro de vida. A olho nu, dentro da van há um rifle automático, outros dois calibre 22 que ele carrega no cinto, o AR-15 do copiloto, César, um velho pescador, e quatro pistolas e dois AK-47 que carregam o mecânico e o agricultor viajando nas costas com o corpo envolto em coldres. No banco de trás, há também uma metralhadora Barret com uma mira telescópica recém-lançada e um lançador de granadas. “Tiramos tudo deles quando correm”, presume o comandante.

Por alguns meses, no estado mexicano de Michoacán, a três horas de carro da capital, houve mortes, decapitações, corpos desmembrados jogados em avenidas ou o aparecimento de enforcados em pontes públicas. Nesta rica região do centro do país, de onde provêm 70% do abacate mundial e grande parte do limão e mamão, a luta entre os grupos de autodefesa e o poderoso Cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG) é jogada a sangue e fogo, metro a metro, nos limites de Colima e Jalisco.

“Seis anos atrás, deixamos nossas vidas para atirar no cartel dos Cavaleiros Templários e agora não vamos permitir que os de Jalisco entrem”, diz Teto acariciando seu rifle, no grupo criminoso que até 2014 controlava essas terras. “Não permitiremos que assassinatos, extorsões ou sequestros retornem. E existem os dados para provar isso. Como os grupos de autodefesa monitoram Coahuayana, todos os crimes de alto impacto foram reduzidos a zero. Nós somos o povo unido para defender nossas famílias. ” A caravana do estilo Mad Max se move lentamente pelo município, observando o que acontece: um jovem em uma motocicleta vendendo vidro, um carro suspeito, um indivíduo que ninguém conhece. Quando os veículos chegam à placa que marca o início de Colima, eles se viram e retornam a Michoacán.