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Diplomatas dizem que tom de Bolsonaro na ONU é ‘perda de oportunidade’ e ‘atrapalha imagem’

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Diplomatas brasileiros avaliam que o presidente Jair Bolsonaro perdeu uma grande oportunidade de melhorar a imagem do país no exterior, especialmente em relação a temas ambientais, além de dificultar o trabalho do Itamaraty junto à comunidade internacional.

Segundo integrantes do corpo diplomático, Bolsonaro não conseguiu reverter a imagem ruim da gestão no que diz respeito à política de preservação das florestas e do desenvolvimento sustentável, ainda que o presidente tenha dito haver um compromisso solene do governo com o meio ambiente. Na opinião desses diplomatas, faltou admitir que há, sim, um aumento do desmatamento, como mostram os monitoramentos realizados na região amazônica. Faltou também, avaliam, uma sinalização favorável à ajuda externa na preservação da floresta amazônica, algo que seria positivo, desde que respeitada a soberania nacional.

Bolsonaro, contudo, resolveu adotar o negacionismo ao dizer que a Amazônia permanece “praticamente intocada”, e o tom mais agressivo ao criticar indiretamente a França por tentar impor sanções ao Brasil. Nenhuma dessas estratégias escolhidas por Bolsonaro, na avaliação dos diplomatas, ajuda a melhorar, por exemplo, a crescente desconfiança de alguns países europeus e árabes com produtos do agronegócio brasileiro e sua capacidade de ter uma “origem sustentável” e “ecologicamente correta”. Nesse sentido, o discurso ajuda a aprofundar o temor de que, em algum momento, a retórica agressiva e pouco diplomática do governo Bolsonaro poderá afetar as exportações, assim como afugentar investidores estrangeiros no Brasil, mesmo com a defesa de uma política econômica liberal.

O tom usado pelo presidente ao citar as comunidades indígenas, revelando publicamente sua mágoa com o Cacique Raoni, líder caiapó, e usando a indígena Ysani Kalapalo, que não tem uma posição de liderança no Brasil entre as etnias ou mesmo prestígio no exterior, também foi criticada. O que também pode atrapalhar a atuação dos diplomatas e relações bilaterais importantes são as críticas recorrentes de Bolsonaro à imprensa, repetidas na tribuna da ONU. Diplomatas avaliam não adiantar dizer que há um compromisso intransigente com a liberdade de imprensa, e, no mesmo discurso, atacar a mídia. Nesse aspecto, passaria uma imagem contraditória em relação a um valor fundamental das mais importantes democracias do mundo. Por último, os diplomatas chamaram a atenção das críticas do presidente brasileiro à própria ONU, o que também não ajudaria a diplomacia brasileira, e o elogio à ditadura militar (1964-1985), pontos de vista inéditos em um discurso de chefe de Estado brasileiro na organização. “Esses fatores somados revelam, na verdade, o rompimento com a tradição brasileira de conciliação em palcos internacionais, em especial na ONU, assim como uma desconexão da realidade em relação ao que de fato aconteceu nas últimas décadas no Brasil”, afirmou um diplomata brasileiro na condição do anonimato.


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