Com a televisão em sua pizzaria mostrando uma repetição infinita da caçada a um dos suspeitos do ataque à Maratona de Boston na sexta-feira, 19 de abril, Bessie Kontis estremeceu ao ver as cenas do bloqueio militar.
Bessie nasceu na Grécia e imigrou para os Estados Unidos quando era ainda criança. Porém, quando dois homens com antepassados chechenos foram identificados como suspeitos dos atentados fatais à Maratona de Boston, sua visão normalmente liberal a respeito da imigração foi alterada por preocupações com a segurança nacional.

À medida que um grande debate nacional a respeito da reforma da imigração começa no Congresso, alguns adversários estão apontando para o ataque de Boston como motivo de preocupação a respeito da expansão de programas de vistos e aqueles que querem oferecer a milhões de imigrantes ilegais um caminho para a cidadania.
Na sexta-feira, 19 de abril, o senador Charles Grassley, republicano de Iowa no comitê de discussão da reforma, que foi proposta por um grupo bipartidário de oito senadores, disse que os atentados terroristas deveriam ser levados em consideração no debate. Alguns comentaristas conservadores e republicanos do Congresso querem desviar o foco das preocupações econômicas e humanitárias para a segurança na fronteira e a potencial ameaça de terroristas que entram no país.
Em entrevistas na sexta à noite, enquanto a caçada aos suspeitos era transmitida, muitos mencionaram que os dois irmãos ligados aos ataques – Dzhokhar Tsarnaev, 19, que foi capturado na sexta-feira e Tamerlan Tsarnaev, 26 anos, que foi morto – chegaram o país na década anterior, com um pai que pediu asilo devido ao conflito em sua terra natal. Eles dificilmente teriam sido identificados como possíveis ameaças pelo controle das fronteiras, segundo fontes.
No entanto, esse detalhe da odisseia da família Tsarnaev pode se perder diante de um debate maior a respeito da política de imigração, uma questão que evoca reações viscerais. Dois senadores republicanos favoráveis à reforma da lei da imigração, Lindsey Graham, da Carolina do Sul, e John McCain, do Arizona, mencionaram o ataque na Maratona de Boston durante o debate e insistiram que uma revisão da imigração reforçaria a segurança nacional “ajudando-nos a identificar exatamente quem entrou em nosso país e quem foi embora”.
Gary Burnett, 35 anos, disse que apoia o caminho para a cidadania e a expansão de vistos de residência permanentes para aqueles que aguardam fora do país, já que os EUA fazem parte de uma economia global.
Como engenheiro de software, ele disse, “eu estou competindo com o mundo inteiro. Eu tenho que ser capaz de fazer o trabalho de pelo menos três pessoas na Ásia para poder competir no mercado de trabalho.” Ele disse que o potencial para que alguns imigrantes pudessem se tornar terroristas era apenas uma desculpa para desviar atenções do foco principal.
Melvin Cook, 57, que estava comprando uma pizza, foi mais longe. Ele acusou os políticos de explorarem o ataque. “Eles estão tentando fazer com que fiquemos com medo dos imigrantes”, disse. Cook, um motorista de caminhão, disse, “ninguém quer as vagas de trabalho que estes imigrantes ilegais estão ocupando.”














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