Um médico de Porto Alegre foi detido no Egito, no fim de semana, para prestar esclarecimentos, após publicar um vídeo nas redes sociais em que constrange uma vendedora egípcia. A informação foi confirmada pela irmã e assessora de comunicação do médico Victor Sorrentino, Patricia, na manhã desta segunda-feira (31). Mais de 2 mil ativistas, no Brasil e no Egito, se uniram para espalhar o vídeo nas redes sociais.
Em nota, a família do médico afirmou que as notícias sobre a prisão “são irreais e inverídicas” (leia a íntegra da nota ao fim da reportagem). O Itamaraty disse que “já foi informado sobre o caso e as autoridades brasileiras no Egito estão prestando assistência consular cabível ao cidadão”. O G1 fez contato com a Embaixada do Brasil no Cairo e aguarda retorno. Assista o vídeo denunciado por ativistas feministas ao Governo do Egito:
No vídeo (veja acima), Sorrentino está em um bazar turístico, no país estrangeiro, onde uma mulher mostrava como o papiro é feito — parecido com o papel, material era usado pelos antigos egípcios para escrever. O médico aparece perguntando a ela em português: “Vocês gostam mesmo é do bem duro, né?” Depois, em tom de deboche, ele ainda afirma: “E cumprido (sic) também fica legal, né?”. A vendedora, que não entende direito o que foi dito, responde “sim”, enquanto ele e os amigos riem. Após a repercussão do vídeo, ele restringiu o acesso dos perfis nas redes sociais. A conta do médico no Instagram tem quase 1 milhão de seguidores.
Esposa defende médico preso
A esposa do médico, a empresária Kamila Monteiro, publicou numa rede social um texto sobre o marido. “O mundo está cada vez mais complexo, as pessoas vendo maldade em absolutamente tudo, mas nossa vida sempre se volta à simplicidade, ao olhar tudo pelo lado positivo e tentar não julgar. (…) Este é ele, estes somos nós, humanos de verdade!”.
No domingo (30), o Ministério do Interior do Egito emitiu um comunicado sobre medidas judiciais que foram tomadas contra um estrangeiro. O comunicado não cita o nome do médico. “O Ministério do Interior conseguiu prender um estrangeiro após assédio a uma mulher, depois que ele publicou um vídeo com imagens do incidente em uma rede social, onde os serviços de segurança conseguiram identificar a vítima e o autor, e tomar as medidas judiciais contra ele e apresentar ao Ministério Público competente”, afirmou o órgão. O Egito criminalizou assédio sexual em 2014. A lei prevê multas ou pena de seis meses a três anos de prisão. No ano passado, o parlamento egípcio aprovou uma lei para manter a identidade das vítimas de agressão e assédio sexual em sigilo. O objetivo é proteger a reputação e incentivá-las a registrarem os casos.
Nota da família de Victor Sorrentino
“Vimos, por meio desta informar, que são irreais e inverídicas as manchetes de prisão do Dr. Victor Sorrentino. O médico está prestando esclarecimento às autoridades para desfazer, assim como já havia feito, inclusive, com a própria egípcia, os vieses maldosos implementados aos seus atos por parte da imprensa, na última semana. Assim, quando terminados os trâmites no país, o Dr. Victor retornará e explicitará todo o ocorrido”.
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