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Aumenta número de latinos, inclusive brasileiros, que tentam entrar nos EUA sem visto para fugir da crise

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A crise econômica impulsionada pela pandemia de Covid-19 tem gerado um aumento no fluxo migratório irregular de latino-americanos para os EUA. A jornada pelo deserto mexicano e os riscos de contratar o serviço de atravessadores, no entanto, fazem muitas vezes o sonho americano terminar bem longe da fronteira.

“A migração irregular é um negócio muito lucrativo para grupos criminosos e extremamente lucrativo para o crime organizado”, explica o professor de Relações Internacionais da PUC-SP e especialista em América Latina Arthur Murta.

As pessoas que se aventuram em deixar seu país de origem para entrar no território norte-americano ilegalmente correm muitos riscos. O professor da PUC ressalta que não são incomuns os relatos de vítimas de sequestro e de estupros praticados por ‘coiotes’, pessoas que são contratadas para fazer a travessia do deserto.

“As maiores ameaças desses deslocamentos não consistem nas ameaças naturais, mas sim na forma como o crime organizado se estrutura nessa travessia para os EUA. Somados a isso e aos ambientes inóspitos de desertos, rios e montanhas, abandonos acabam ocorrendo”, diz Murta.

Uma das questões cruciais da travessia é a entrada nos Estados Unidos pelo Rio Grande, fronteira natural do país com o México. No trecho, patrulhas norte-americanas atuam para que grupos de migrantes sejam dispersos; nesse processo, muitas pessoas se perdem no deserto.

O órgão de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos revelou que, de outubro de 2020 a agosto deste ano, 46.410 brasileiros foram detidos tentando entrar de forma ilegal no país. O número é seis vezes maior em relação ao verificado no período entre outubro de 2019 e setembro de 2020, quando 7.161 brasileiros foram detidos.

Anteriormente, o auge havia ocorrido em 2019, período em que cerca de 18 mil pessoas partiram do Brasil rumo aos EUA. Ainda que esse número seja expressivo, os brasileiros ocupam a sexta posição entre as nacionalidades mais detidas ao tentar entrar irregularmente em território norte-americano.

“Atualmente, a grande questão para a gente pensar nesse aumento de pessoas saindo do Brasil é a falta de perspectiva econômica. Isso é muito triste se a gente pensa que o perfil desse migrante brasileiro é jovem. Estamos falando de pessoas com idade economicamente ativa, ou seja, que seriam parte da força de trabalho no país.”

Para o especialista, a desvalorização da moeda brasileira diante do dólar traz a expectativa para o migrante de que, se receber um salário em dólar, poderá melhorar de vida e ajudar seus familiares que ficaram por aqui.

Além dos caminhos perigosos e bastante explorados na fronteira sul dos Estados Unidos, algumas pessoas se arriscam para entrar no país a partir de rotas alternativas.

Alguns migrantes optam por chegar de avião às Bahamas e depois seguem de barco até o estado da Flórida. Outra rota consiste na obtenção de um visto para entrar no Canadá e, a partir daí, cruzar a fronteira a pé.1 / 12

Em setembro deste ano, 49 migrantes, incluindo brasileiros, foram encontrados dentro de um caminhão  tentando cruzar a fronteira do México com o estado do Texas.

A América Central registrou um fluxo migratório histórico com 147 mil migrantes indocumentados detectados no México de janeiro a agosto deste ano, triplicando o número de 2020. Além disso, apenas em julho, a fronteira dos EUA com o México registrou um recorde de 212 mil pessoas detidas pela agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras americana.


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