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Brasil teve 57 mil mortes em um ano por consumo de ultraprocessados

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No Brasil, o consumo de alimentos ultraprocessados foi associado à morte de 57 mil pessoas no ano de 2019, segundo estudo liderado por cientistas brasileiros e chilenos. No mesmo ano, o Atlas da Violência indica que foram registrados 45,5 mil homicídios em todo o país.

Publicado na revista científica American Journal of Preventive Medicine, o estudo sobre o impacto do consumo de ultraprocessados na mortalidade brasileira foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidad de Santiago de Chile.

“O consumo de alimentos ultraprocessados ​​representa uma importante causa de morte prematura no Brasil. A redução da ingestão de alimentos ultraprocessados ​​promoveria ganhos substanciais de saúde para a população e deveria ser uma prioridade da política alimentar para reduzir a mortalidade prematura”, afirmam os autores do estudo.

Por alimentos ultraprocessados, podemos entender “formulações industriais feitas tipicamente com cinco ou mais ingredientes [incluindo corantes, conservantes e aromatizantes]. Em geral, são pobres nutricionalmente e ricos em calorias, açúcar, gorduras, sal e aditivos químicos, com sabor realçado e maior prazo de validade”, segundo o Guia Alimentar da População Brasileira, do Ministério da Saúde.

Entre os principais exemplos de comidas ultraprocessadas, estão: bolacha recheada, sorvete, sucos artificiais, embutidos, macarrão instantâneo, refrigerantes, salgadinhos, pão de forma, nuggets e salsichas.

Pesquisas anteriores já relacionaram o consumo excessivo de ultraprocessados com aumento da obsediade, incluindo a infantil e ainda a algumas doenças não transmissíveis, como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. Para chegar aos resultados do atual estudo, os cientistas criaram um modelo que engloba os riscos de consumo desta classe de alimentos e os associa com óbitos em geral.

“Há vários mecanismos pelos quais os ultraprocessados podem afetar a saúde: há discussões sobre mudanças na absorção dos nutrientes, além de evidências de que os ultraprocessados têm mecanismos inflamatórios e de que estão relacionados a alterações na microbiota intestinal”, explica Eduardo Nilson, pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP e um dos autores do estudo, para O Joio e O Trigo.

“Há também o que chamamos de neocontaminantes, já que tanto o processo de fabricação quanto as embalagens dos ultraprocessados podem gerar ou introduzir contaminantes químicos nos alimentos”, acrescenta o pesquisador.

Durante todo o ano de 2019, o Brasil registrou 541,1 mil mortes prematuras, ou seja, óbitos entre pessoas com 30 a 69 anos. Desse total, 57 mil (10,5%) foram associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados, conforme aponta o modelo.

Observando com mais atenção dos dados sobre o impacto dos ultraprocessados, homens (60%) são os que mais morreram em consequência do consumo deste tipo de alimento. Quanto à faixa etária, os óbitos estão mais concentrados entre os que têm 50 e 69 anos (68%).

Para o futuro, a boa notícia é que estes valores não precisam se tornar uma regra e podem ser revertidos com a diminuição do consumo diário de ultraprocessados. “Reduzir a contribuição de alimentos ultraprocessados ​​para a ingestão total de energia em 10% a 50% poderia evitar 5,9 mil mortes a 29,3 mil mortes, respectivamente”, pontuam os autores. A questão é que o consumo brasileiro pareca ir para o caminho oposto.


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