Apesar de ter direito a uma indenização equivalente a cerca de R$ 2 milhões, a família do brasileiro Douglas Búrigo, que morreu em julho de 2022 na guerra na Ucrânia, aos 40 anos, ainda não recebeu nenhum pagamento do governo ou qualquer outra ajuda financeira. A legislação da Ucrânia diz que as famílias de combatentes mortos durante a guerra, sejam eles estrangeiros ou não, têm direito a indenização de US$ 400 mil.
Cleuza conta que o corpo do filho foi enviado pela Ucrânia até São Paulo, onde ela reside com a família, e todas as despesas foram pagas pelo país em guerra. Fora isso, a família do brasileiro morto na guerra na Europa não recebeu nenhuma outra ajuda financeira. “Nós vamos atrás da indenização, com certeza”, disse a mãe de Douglas.
Receber esses valores, porém, pode não ser tão simples assim, afirma o professor de relações internacionais James Onnig, da Facamp (Faculdades de Campinas). Segundo Onnig, os processos são longos e burocráticos, sobretudo para soldados estrangeiros, porque requerem a tradução de documentos. Os familiares precisam contratar um advogado ucraniano para representar seus interesses, uma vez que esse é um assunto interno da Ucrânia.
“A questão é que o governo exige a documentação completa para entregar o dinheiro àqueles que de fato têm direito a ele. Deve levar um tempo até que as famílias consigam comprovar relações maritais e parentais estáveis com os combatentes mortos”, afirma. Outra dificuldade que os familiares de brasileiros que morreram na Ucrânia podem enfrentar é o risco de calote. Por enquanto, a Ucrânia está honrando o compromisso de indenizar as famílias que perderam seus entes na guerra, segundo Onnig. A situação, no entanto, pode mudar à medida que a guerra se estenda e o número de combatentes mortos aumente. Analistas ocidentais independentes estimam que mais de 350 mil soldados tenham morrido desde o começo do conflito.
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