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Brasil tem grupo de ódio a mulheres que fabrica com IA imagens pornô falsas sob encomenda

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Especialistas dizem que o avanço acelerado da inteligência artificial vem tornando as montagens de imagens pornôs falsas a partir de fotos de pessoas conhecidas usando a deepfakes, e estão cada vez mais realistas. São os antigos “photoshops” com capacidades multiplicadas.

Nestas manipulações, um corpo nu é inserido digitalmente no lugar do corpo vestido com roupas da pessoa que aparece na imagem original. Ou o rosto da vítima é adicionado a uma cena de sexo.

Comunidades deste tipo costumam ser tiradas do ar pelo Facebook em algum momento, porque violam as regras da rede social. Mas ressurgem com nomes ligeiramente diferentes pouco tempo depois e sobrevivem por alguns dias até que sejam derrubadas de novo. É tempo suficiente para que essas páginas alcancem seu objetivo: promover comunidades de pornô deepfake que funcionam dentro do aplicativo de mensagens Telegram. Depois de algum tempo, quem faz o pedido recebe a imagem manipulada de volta.

Alguns participantes desses grupos se gabam de apreciar gore — vídeos e fotos de situações de extrema violência, quase sempre reais. Mesmo em comunidades abertas do Facebook, onde não é postado pornô deepfake, o propósito do grupo de constranger mulheres é celebrado. Tanto nestes grupos de memes do Facebook, que são acessíveis sem qualquer restrição, quanto nas comunidades fechadas do Telegram são frequentes as menções a termos e temas da “machosfera”, como são chamados os grupos e fóruns online em que os participantes debatem sobre uma suposta perda do poder masculino na sociedade atual.

Há as subdivisões dentro da machosfera, mas o discurso de ódio — ou ao menos de ressentimento — contra as mulheres está presente em boa parte delas. Os grupos incel e redpill estão entre os principais.

Algumas vítimas que moram em São Paulo levaram capturas de tela de conversas e imagens postadas nos grupos no Facebook e no Telegram à Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos, divisão criada no final de 2020.

Elas dizem que, após uma espera de quatro horas, foram informadas que a denúncia seria registrada, mas que a delegacia só investiga casos de fraudes financeiras ou violação de redes de dados e que outros crimes cometidos por meios eletrônicos devem ser apurados pelas delegacias mais próximas de onde as vítimas moram.

No entanto, duas vítimas afirmam que, nas respectivas delegacias, foram informadas que os policiais ainda aguardavam o registro feito pela Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo afirmou que “a instituição está à disposição da vítima, e de outras mulheres que sofreram este tipo de crime, para formalizar o registro do boletim de ocorrência e investigar os fatos”. A secretaria não esclareceu por que a Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos investiga apenas fraudes financeiras ou violação de redes de dados, mas afirmou que “todas as delegacias do Estado possuem estrutura e estão aptas para registrar e apurar crimes praticados pela internet”. A lei brasileira ainda não prevê punições específicas para a produção de deepfakes.


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