Em um movimento que reflete o crescente clima de tensão entre o governo norte-americano e a cúpula do Supremo Tribunal Federal (STF), Bernardo Van Brussel Barroso, filho do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, decidiu permanecer na Europa e não retornar aos Estados Unidos, onde atua como diretor do banco BTG Pactual em Miami. A decisão, tomada após consultas com o pai, ocorre diante da suspensão de vistos diplomáticos de oito dos onze ministros do STF, incluindo Barroso, por determinação do governo de Donald Trump.
Segundo apurado pelo Brazilian Press, a medida norte-americana foi adotada com base na Lei Magnitsky, que permite sanções contra agentes públicos acusados de violar direitos humanos ou cometer atos de corrupção. Embora não tenha havido notificação oficial detalhando os nomes exatos dos atingidos, fontes próximas ao STF confirmaram que o grupo inclui alguns dos ministros mais ativos nas investigações sobre tentativas de golpe após a eleição de 2022.
Bernardo Barroso estava em férias na Europa quando a medida foi implementada. Diante da incerteza sobre a validade de seu visto e do risco de ser impedido de ingressar no território norte-americano, ele optou por não seguir viagem para Miami e deve embarcar para o Brasil nas próximas semanas. A decisão foi tomada com base em orientação direta do ministro Barroso, que teme represálias mais amplas contra familiares de membros da Corte. A suspensão dos vistos ocorre em um contexto de forte pressão diplomática impulsionada por Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem atuado nos bastidores em Washington para desacreditar as investigações do STF sobre o plano de interromper a transição democrática. Analistas apontam que a medida de Trump pode ser uma tentativa de coagir o Supremo a arrefecer os processos contra o ex-mandatário e seus aliados.
Ministros do STF ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato expressaram preocupação não apenas com a restrição de viagem, mas com a possibilidade de novas sanções, como o congelamento de ativos ou a proibição de operações financeiras com instituições dos EUA. Até o momento, apenas o ministro Alexandre de Moraes teve suas transações afetadas, mas há temores de que outras medidas sejam estendidas. Apesar da pressão externa, fontes no STF reforçam que as investigações sobre o esquema golpista seguem em ritmo acelerado e sem influência de sanções internacionais. “A independência do Judiciário não será negociada por vistos ou contas bancárias”, afirmou um ministro em conversa reservada com assessores. A Embaixada dos Estados Unidos em Brasília não se manifestou sobre o caso. Já o Itamaraty monitora a situação, mas evita comentar detalhes de medidas que envolvem agentes do Poder Judiciário.













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