O governo da Coreia do Sul realizou uma reunião de emergência neste sábado (6) para tratar da detenção de mais de 300 cidadãos sul-coreanos em uma operação do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) na fábrica da Hyundai no estado da Geórgia. A ação, realizada na quinta-feira (4), resultou na prisão de 475 imigrantes e é considerada a maior operação de fiscalização migratória já conduzida pelo Departamento de Segurança Interna americano em um único local.
O presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, determinou que todas as medidas diplomáticas e consulares sejam acionadas imediatamente para garantir o bem-estar dos cidadãos detidos. Segundo apurado pelo Brazilian Press, o Ministério das Relações Exteriores já montou uma força-tarefa especializada e estuda o envio do ministro Cho Hyun a Washington D.C. para tratar diretamente com autoridades norte-americanas, caso a situação não evolua nas próximas horas.

Em pronunciamento durante a reunião de emergência, Cho Hyun afirmou estar “profundamente preocupado” com os desdobramentos da operação. “Sinto uma grande responsabilidade pelas prisões de nossos cidadãos. O Estado tem o dever de proteger seus nacionais, mesmo no exterior”, disse.
O vídeo divulgado pela administração Trump neste sábado mostra imagens impactantes: dezenas de veículos do ICE chegando à fábrica, helicópteros sobrevoando a área e trabalhadores — em sua maioria de origem asiática — sendo retirados do local com as mãos algemadas nos pulsos, cintura e tornozelos. Alguns usavam coletes com logotipos da Hyundai e da LG CNS, empresas ligadas ao conglomerado sul-coreano. Nas imagens, dois homens são vistos tentando se esconder em um lago próximo antes de serem localizados e detidos.

A operação, que envolveu veículos blindados e equipes táticas do ICE, foi descrita como parte da política de endurecimento contra a imigração ilegal promovida pela administração Trump desde o início de seu mandato. O governo americano afirmou que todos os presos estavam trabalhando em situação irregular, violando os termos de seus vistos. O ICE também ressaltou que portadores de green card podem ser deportados caso tenham antecedentes criminais.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Lee Jae-woong, emitiu um comunicado oficial na sexta-feira (5) expressando “profundo pesar e preocupação” com a forma como a operação foi conduzida. “As atividades econômicas de nossas empresas que investem nos Estados Unidos e os interesses de nossos cidadãos não devem ser violados injustamente no decorrer da aplicação da lei americana”, afirmou.

O caso ocorre em um momento delicado nas relações entre Seul e Washington. Os dois países estão em negociações avançadas sobre um acordo comercial que prevê cerca de US$ 350 bilhões (R$ 1,89 trilhão) em investimentos sul-coreanos nos EUA. A detenção em massa pode agravar tensões já existentes, especialmente diante do tom crítico adotado por autoridades sul-coreanas.
Analistas ouvidos pelo Brazilian Press alertam que o incidente pode ter repercussões além do aspecto humanitário, afetando a confiança de investidores asiáticos no clima regulatório dos Estados Unidos. Enquanto isso, organizações de direitos humanos condenaram a forma como os imigrantes foram tratados, classificando a operação como desproporcional e intimidatória. Até o fechamento desta edição, o governo sul-coreano continuava trabalhando para obter acesso consular aos detidos e esclarecer a situação jurídica de cada um.














Comments