Há mais de 30 anos, o filme Esqueceram de Mim 2 (Home Alone 2) chegava aos cinemas, levando consigo uma breve cena que, hoje, se tornou um incômodo para seu diretor, Chris Columbus. Em entrevista ao San Francisco Chronicle, o cineasta classificou os sete segundos em que Donald Trump aparece no longa como uma “maldição” e admitiu que gostaria de removê-los — mas teme que isso possa custar sua permanência nos Estados Unidos.
“Virou um fardo para mim. Eu só queria que acabasse”, desabafou Columbus, que será homenageado no 68º Festival Internacional de Cinema de São Francisco no próximo dia 26. O diretor, nascido nos EUA mas com ascendência italiana, brincou que, se editasse a cena, poderia ser “deportado para a Itália ou algo assim”.
A polêmica por trás da participação de Trump
A controvérsia remonta a 2020, quando Columbus revelou ao Business Insider que Trump só permitiu as filmagens no Plaza Hotel — que ele possuía na época — sob a condição de aparecer no filme. “A única maneira de você usar o Plaza é se eu estiver no filme”, teria dito o então magnata, segundo o diretor. Trump, no entanto, negou a versão e acusou Columbus de mentir em sua rede social Truth Social, alegando que a equipe do filme “implorou” por sua participação.
Columbus manteve sua narrativa: “Não há mundo em que eu imploraria para um não ator participar de um filme. Mas estávamos desesperados para conseguir o hotel”. Na época, chegou a considerar cortar a cena, mas desistiu após testemunhar o público rindo dela em uma exibição-teste. Agora, porém, lamenta a decisão: “Nunca pensei que isso seria considerado hilário. Virou algo que eu gostaria… que não existisse”.
O risco de remover a cena em meio ao governo Trump
Apesar do desejo de excluir a aparição de Trump, Columbus teme retaliações. Em 2019, uma transmissão canadense do filme cortou a cena, gerando protestos de apoiadores do ex-presidente. O diretor citou casos recentes de deportações e processos movidos por Trump contra veículos de imprensa — como a ação de US$ 20 bilhões contra a CBS News por edições em uma entrevista com Kamala Harris — como motivo para seu receio.
“Se eu cortar, provavelmente serei expulso deste país”, disse Columbus, referindo-se ao clima político atual. “Serei considerado meio impróprio para viver nos Estados Unidos”. Enquanto a cena de sete segundos continua intacta, o diretor segue carregando o que chama de “maldição” — um legado indesejado de um dos filmes mais queridos da década de 1990.
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