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“Capital brasileira em Massachusetts”, Framingham vê comércio despencar 40% após ações da ICE contra imigrantes

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Em uma esquina movimentada de Framingham, a cerca de 35 quilômetros de Boston, o nome de uma padaria em português contrasta com o silêncio dentro do estabelecimento. As prateleiras estão cheias, mas os clientes, antes habituais, somem. O dono, que prefere não se identificar, relata quedas de até 40% nas vendas nos últimos meses.

“Tem dias que ninguém entra aqui. O centro parece abandonado”, diz ele, enquanto olha pela vitrine para uma rua que, apesar da presença marcante de comércios brasileiros, respira insegurança e medo.

6th Middlesex State Rep. Candidate: Priscila Sousa - Framingham Source

Framingham abriga uma das maiores comunidades brasileiras dos Estados Unidos — cerca de 8 mil pessoas. A cidade virou refúgio para muitos que buscam recomeço longe do Brasil, mas agora enfrenta uma nova realidade: a tensão gerada pelas políticas anti-imigração, que voltaram a ganhar força nos últimos anos. Comerciantes relatam uma redução no movimento, enquanto imigrantes evitam sair de casa, temendo abordagens policiais ou deportações.

Entre os que sentem na pele esse clima de apreensão está a deputada estadual Priscila Sousa, 37 anos, filha de mineiros que chegaram aos EUA quando ela tinha apenas 7 anos. Hoje cidadã americana e em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados de Massachusetts, Priscila tem usado sua voz — e sua história — para denunciar o que considera uma perseguição injusta a imigrantes trabalhadores e contribuintes.

Framingham, cidade a 35 quilômetros de Boston, no estado de Massachusetts, abriga cerca de 8 mil brasileiros — Foto: Montagem/g1

“Ser imigrante é um espaço que eu posso ocupar com propriedade. As regras parlamentares eu posso aprender, mas ninguém vai me ensinar a ser imigrante”, afirmou, durante entrevista ao Profissão Repórter .

Da clandestinidade ao parlamento

Em uma visita guiada pela cidade, Priscila mostrou o prédio onde viveu com a família durante os anos em que eram indocumentados. Diante do local, lembrou de uma recente abordagem policial envolvendo um brasileiro, registrada em vídeo e que viralizou nas redes. “Aquilo partiu meu coração. Me coloquei no lugar daquela pessoa. Quando morávamos aqui, também éramos indocumentados.”

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Desde 2022, Priscila tem sido uma voz firme contra políticas migratórias mais duras. No início de 2025, discursou contra medidas defendidas pelo ex-presidente Donald Trump, que retomou posturas mais rígidas em relação aos imigrantes. “Existe essa narrativa de que é uma questão de segurança pública. Mas quando pegam pessoas sem antecedentes criminais, que pagam impostos, que estão com os documentos em dia, isso não é segurança pública. O povo está sendo caçado”, disse na ocasião.

Impacto emocional e social

A crise não afeta apenas o bolso dos comerciantes. A empresária Ana Paula, que administra uma loja de artigos brasileiros, conta que clientes frequentemente compartilham sentimentos de ansiedade e depressão. “A gente percebe uma grande aflição. Muitos estão isolados, com medo de sair, de trabalhar, de viver normalmente.” O cenário preocupa não apenas os moradores, mas também autoridades locais. Enquanto Framingham luta para manter viva a energia de uma comunidade que ajudou a construir a cidade, Priscila Sousa segue na linha de frente, tentando transformar medo em mobilização e representação política. Seu trabalho, porém, vai além da legislação: é também um testemunho vivo de que é possível superar barreiras — e ocupar espaços — mesmo vindo de longe e sem nada.


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