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Governo Trump remove “proteção histórica” dos imigrantes familiares de membros das Forças Armadas americanas

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A recente deportação de um pai de um militar da Marinha dos Estados Unidos, ocorrida na Califórnia, trouxe à tona uma controvérsia crescente sobre as mudanças nas políticas de imigração implementadas durante a administração do ex-presidente Donald Trump — e que continuam a gerar efeitos colaterais significativos mesmo sob o governo de Joe Biden.

Historicamente, o serviço militar tem sido visto como um caminho não apenas para a cidadania, mas também como um escudo protetor contra a remoção de familiares de recrutas. Essa prática ajudou a atrair milhares de imigrantes para as fileiras das Forças Armadas, com cerca de 40 mil indivíduos sem cidadania americana em serviço ativo, segundo dados do ano passado.

Contudo, um memorando emitido em fevereiro pela administração Trump eliminou proteções anteriormente concedidas a familiares de militares, incluindo isenções de deportação e vias aceleradas para obtenção de green cards. Segundo apurado pelo Brazilian Press, essa mudança foi justificada como parte de um esforço mais amplo para endurecer as políticas migratórias, mas especialistas alertam que suas consequências vão muito além da burocracia imigratória.

“O serviço militar costumava ser um fator atenuante significativo nas decisões do ICE [Departamento de Imigração e Alfândega]”, explicou Margaret Stock, renomada especialista em direito de imigração militar. “Agora, as famílias vivem sob constante incerteza, sem saber se um pedido de residência pode resultar em detenção ou deportação.”

Um caso emblemático ocorreu recentemente na Califórnia, quando a esposa de um veterano do Corpo de Fuzileiros Navais foi detida ao solicitar seu green card. Apenas a intervenção judicial impediu sua remoção do país — um episódio que ilustra os riscos enfrentados por milhares de famílias sob as novas diretrizes.

Embora o governo Biden tenha restabelecido parcialmente a consideração do serviço militar como critério favorável em processos imigratórios, a ausência de uma lista clara de crimes que desqualificariam um imigrante mantém o poder discricionário nas mãos dos agentes do USCIS (Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA), gerando insegurança jurídica.

Essa instabilidade preocupa não apenas famílias, mas também os próprios militares. O Corpo de Fuzileiros Navais, por exemplo, orientou seus recrutadores a não prometerem qualquer tipo de benefício migratório a candidatos ou seus parentes — um sinal claro de que os incentivos que antes impulsionavam o recrutamento foram drasticamente reduzidos.

“Estamos em um momento crítico”, alerta Stock. “Com menos jovens elegíveis para o serviço e uma base recrutável cada vez mais restrita, retirar os benefícios de imigração pode minar ainda mais a capacidade das Forças Armadas de cumprir suas metas.” Enquanto o debate político continua, milhares de famílias permanecem em limbo — e o futuro do recrutamento militar nos EUA pode depender, em grande parte, de decisões tomadas não nos campos de batalha, mas nos corredores da política migratória.


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