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Obama aborda emprego, educação e oportunidade em sessão conjunta do Congresso

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No tradicional Discurso sobre o Estado da União, quando os presidentes dos EUA falam das prioridades do governo e de seus projetos legislativos, o presidente Barack Obama pediu “um ano de ação” e declarou que agirá por meio de ordens executivas (equivalente às medidas provisórias brasileiras) se for preciso. A intenção foi passar uma “mensagem dura” ao Congresso – como reflexo da preocupação dos democratas em pelo menos manter suas cadeiras. Como a Câmara é controlada pela oposição republicana, projetos do democrata citados nesse mesmo evento no ano passado nem foram votados, da reforma imigratória ao aumento do salário mínimo, além do controle na venda de armas de fogo e de políticas de estímulo econômico.

O objetivo de Obama é reverter o recorde negativo de popularidade – entre 39% e 44% na maioria das pesquisas. Desde a década de 1930, apenas George W. Bush ingressou no seu sexto ano com índices piores.

Às 22h15min (0h15min, em Brasília), Obama iniciou o discurso ressaltando a redução do déficit público e as novas oportunidades de investimentos nos EUA. O cenário otimista da economia ainda é o principal trunfo do presidente. O desemprego está abaixo de 7%. No pior momento da crise, em 2009, chegou a 10%. Neste mês, Obama anunciou a abertura de fábricas na Carolina do Norte e iniciativas de empreendedorismo em cinco cidades que lutam contra o desemprego – promessas do ano anterior.

Focando seu discurso na classe média e na ascensão social da classe média, o presidente defendeu os Estados Unidos como terra de investimento e oportunidade:

— Hoje, depois de quatro anos de crescimento econômico, lucros corporativos e preços de ações raramente estiveram mais altos, e aqueles no topo nunca estiveram melhor. Mas os salários médios mal oscilaram. A desigualdade se aprofundou. A ascensão social estagnou. A verdade nua e crua é que, mesmo em meio à recuperação, americanos demais estão trabalhando mais do que nunca apenas para sobreviver, quem dirá progredir. E muitos deles ainda nem sequer estão trabalhando.

E prosseguiu defendendo medidas executivas em caso de não cooperação do Congresso:

– Os Estados Unidos não ficam parados, e eu também não ficarei. Então onde e quando quer que eu possa dar passos sem legislação para expandir oportunidade para mais famílias americanas, é o que farei.

Destacando a necessidade de igualdade de oportunidade para todos, Obama falou da articulação entre a presidência e os Estados da Federação:

– Por todo o país, estamos nos juntando a prefeitos, governadores e legisladores estaduais para discutir assuntos desde desabrigados até casamento para todos.

– Oportunidade é quem somos. E o projeto definidor de nossa geração é restaurar essa promessa.

E abordou de forma bastante branda e resignada a mudança climática, falhando em insistir no que seria o terceiro discurso seguido na necessidade de se produzir carvão limpo:

– Mas o debate está resolvido. A mudança climática é um fato. E, quando os filhos de nossos filhos nos olharem nos olhos e perguntarem se fizemos tudo o que podíamos para deixar para eles um mundo mais seguro e estável, com novas fontes de energia, quero que possamos dizer que sim, fizemos (brincadeira com “yes, we did”)

Entre piadas (“Não vou tentar convencer meus colegas republicanos do valor da lei da saúde”, disse, para risada dos democratas presente), o presidente fez outro apelo aos americanos para que se inscrevam nos planos de saúde do Obamacare, e reiterou que resistirá a esforços republicano para aboli-lo. Obama pretende que, até 31 de março, toda a população esteja coberta pelo plano de saúde do governo.

— Por décadas, poucas coisas expuseram mais as famílias trabalhadoras às dificuldades financeiras do que um sistema de saúde quebrado. E, caso você não tenha ouvido, estamos no processo para consertar isso.

E também, citando o seriado cult Mad Men, que retrata uma agência de publicidade durante a década de 1960, defendeu a igualdade para as mulheres no mercado de trabalho:

— É hora de extinguir políticas de trabalho que pertencem a um episódio de Mad Men (…) Quando as mulheres têm sucesso, os Estados Unidos têm sucesso.

Aplausos e lágrimas para sargento ferido no Afeganistão

O momento emocionante da noite veio quando o presidente chamou o Sargento Cory Remsburg. Enquanto Obama discutia o serviço e as graves lesões que sofreu o sargento, Remsburg estava radiante, olhando para todos os lados e, em certa altura, até fazendo sinal de positivo com a mão direita.

Remsburg, ferido em um bombardeio em Kandahar, no Afeganistão, voltou aos Estados Unidos parcialmente paralisado e com dano cerebral, de acordo com o Pentágono. Quando Obama o mencionou, a Câmara se desmanchou em aplausos – mesmo os cinco ministros da Suprema Corte que normalmente se mantém impassíveis o aplaudiram de pé.

De fora do discurso

Tanto Iraque quanto Egito, dois países que têm mantido acordada a administração americana nas últimas semanas, não foram mencionados no discurso.

No último ano, Obama fez um apelo para o povo do Oriente Médio:

– Estaremos juntos dos cidadãos enquanto eles exigem seus direitos universais e apoiam uma transição estável para a democracia.

Este ano, não houve menção ao Egito, cujo primeiro presidente democraticamente eleito foi deposto por um golpe militar no último ano.

Obama fez uma ligeira menção das células ligadas à Al-Qaeda que se formaram no Iraque, mas a citação não chegou à escalada da violência depois da retirada militar dos Estados Unidos em 2011.


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