Quer saber se alguém está dizendo a verdade? Não tem certeza se pode confiar no que seus filhos disseram que estavam fazendo na sexta-feira à noite? Não sabe por que seu amigo deixou de ir ao seu aniversário? Não está convencida de que seu marido passou mesmo a noite trabalhando? O primeiro sinal pode ser encontrado nas mãos.
Pesquisadores da University of Michigan, nos Estados Unidos, estudaram gravações de tribunais em um esforço para identificar a linguagem dos gestos usados por pessoas desonestas e constatou que, dentre outras coisas, as pessoas que estavam mentindo gesticulavam com ambas as mãos com muito mais frequência do que aquelas que estavam dizendo a verdade. Para identificar os sinais mais comuns na linguagem corporal e verbal dos mentirosos, os pesquisadores, que publicaram seus resultados na International Conference of Multimodal Interaction, examinaram cuidadosamente mais de cem vídeos de sessões de tribunal, incluindo testemunhos de inocência, de representantes de ONGs e casos nos quais o réu foi condenado injustamente.
A natureza das imagens analisadas foi crucial para o estudo. Rada Mihalcea, professora de ciência da computação e engenharia naUniversity of Michigan, participou do estudo lado a lado com o professor Mihai Burzo, que também ensina engenharia e ciência da computaçãoOs vídeos analisados incluíam os testemunhos de réus e testemunhas de acusação. Os pesquisadores se basearam no veredito para determinar quem era inocente. O áudio dos vídeos foi completamente transcrito e analisado, enquanto os gestos foram contados e codificados.
Todos os dados foram colocados em um novo software de detecção de mentiras criado por Mihalcea e Burzo, junto com os colegas de pesquisa Veronica Perez-Rosas e Mohamed Abouelenien. O incrível algoritmo descobriu com precisão quem estava mentindo em mais de 75% dos casos (Seres humanos que receberam as mesmas informações só tiveram um acerto de 50%). Esta taxa impressionante coloca o algoritmo de Mihalcea perto da forma mais comumente aceita de detecção de mentiras, o polígrafo, que chega a ter 85% de precisão ao testar pessoas culpadas e 56% ao avaliar inocentes.
Embora Mihalcea acredite que esta pesquisa possa ajudar a polícia no futuro, ela não sugere que você comece a controlar meticulosamente o comportamento das pessoas, mas que apenas “reconheça que existem diferenças entre as pessoas que mentem e dizem a verdade que podem ser codificadas através da comunicação”. Basta aprender a perceber estas diferenças e agir de acordo com os resultados.
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