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Homem passa 20 anos preso por homicídio, mas sua ‘vítima’ continuou viva

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O ugandense Edward Edmary Mpagi foi preso por um assassinato que não cometeu, na verdade, sua suposta “vítima” continuava viva e passando bem. Mpagi passou 20 anos na prisão. Em 1980, Campala, capital e maior cidade da Uganda, era uma terra sem lei, soldados matavam civis e episódios de violência extrema ocorriam à luz do dia. Quando o táxi de Edward Mpagi foi assaltado, ele decidiu se mudar com sua família para o vilarejo onde moravam seus pais. Ali, o único problema era uma disputa de terras que já se arrastava por anos e foi justamente isso que mudou para sempre seu futuro.

Em junho de 1981, seus vizinhos foram roubados e espancados, e as suspeitas recaíram sobre Mpagi, que foi preso junto com seu primo, Fred Masembe.

Ele e o primo foram acusados de assalto e enviados à prisão de Masaka, onde os prisioneiros eram divididos de acordo com seus crimes. “Percebi que estava no grupo dos assassinos”, diz Mpagi. “Fiquei com muito medo, pois sabia que era inocente”.

Um ano depois, Mpagi e seu primo foram levados a julgamento. Eles só haviam se encontrado com seu advogado duas vezes, mas quando Mpagi pediu mais tempo, ouviu dele uma negativa. “Eu sei de tudo”, disse o advogado. E, então, o julgamento começou.

Mpagi não falava bem inglês, o idioma do tribunal, enquanto seu primo, Masembe, não sabia nada do idioma.

Para a surpresa de ambos, souberam que haviam sido indiciados pelo assassinato do filho do vizinho, William Wandyaka.

“Foi horrível, porque se você sabe que é inocente, não tem nem o que dizer”, diz Mpagi. Nenhuma testemunha foi chamada para depor em defesa dos dois, mas quatro pessoas afirmaram terem visto Mpagi com uma arma. A verdade era que não havia uma arma, tampouco uma vítima, Wandyaka estava vivo e passando bem, e só tinha se escondido.

Quando o juiz o condenou à morte, Mpagi conta ter desmaiado. “Não tenho palavras para descrever o que aconteceu. Foi terrível. Falaram que eu ia morrer”.

Os dois homens foram levados, então, para a prisão de segurança máxima de Luzira, em Campala. Despidos, eles receberam dois lençóis, um deles para ser usado como cama. Mpagi só voltou a dormir em um colchão em 1996.

Mpagi acredita ter escapado da execução porque as autoridades penitenciárias sabiam que ele era inocente, ele falava bastante sobre o assunto, e um jornalista discutiu seu caso na TV. “Eu falava a todo mundo que vinha me ver que eu era inocente e que estava morrendo”.

Em 1989, a verdade veio à tona, líderes da cidade natal de Mpagi finalmente investigaram o caso e escreveram ao procurador-geral do país para dizer que o homem que ele fora acusado de matar ainda estava vivo. Apesar disso, nada mudou. Mpagi permaneceu encarcerado.

Quando Mpagi foi liberado no ano de 2.000, sua “vítima”, Wandyaka, ainda estava viva, morreu de Aids dois anos depois. Apesar das repetidas solicitações de Mpagi, Wandyaka nunca quis encontrá-lo.


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