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Empregos criados na China por Trump dificilmente voltarão aos EUA

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Donald Trump Holds Campaign Rally In Fort Worth

A promessa de Donald Trump de levar de volta aos Estados Unidos os empregos transferidos para a China é uma meta difícil de ser alcançada, já que até a empresa chinesa que produz a linha de sapatos de sua filha está levando a produção para a África.

O candidato republicano à Casa Branca acusa regularmente a China de ter roubado empregos dos Estados Unidos. Mas inclusive sua família se beneficia dos reduzidos custos da mão se obra chinesa para terceirizar a produção em seu nome.

Levar de volta estes empregos aos Estados Unidos é muito improvável, explicou à AFP Zhang Huarong, presidente da grande fabricante de sapatos Huajian, que trabalha com Ivanka Trump, filha do magnata.

As fábricas chinesas enfrentam ao mesmo tempo uma forte concorrência em nível internacional. “Alguns industriais não conseguem mais sobreviver na China”, comentou Zhang em sua fábrica de Dongguan.

Nos últimos anos, Zhang produziu 100.000 pares de sapatos para a marca de Ivanka Trump. Em agosto cumpriu uma encomenda de 20.000 sandálias de salto alto, pouco depois do discurso de Trump na convenção republicana no qual se comprometeu a levar aos Estados Unidos os empregos perdidos.

Se chegar à Casa Branca, Trump promete impor taxas de importação proibitivas, de 45%, para os bens fabricados na China. Com uma eficácia incerta: Huajian integra o número crescente de empresas chinesas que transferem suas produções ao sudeste asiático ou para a África.

Em 2011, Zhang Huarong abriu sua primeira fábrica na Etiópia. Quatro anos depois está construindo ali um complexo industrial, com um investimento de 1 bilhão de dólares.

“Meu objetivo é criar 30.000 empregos na Etiópia até 2020, com exportações que totalizem entre 1 e 1,5 bilhão de dólares”, disse.

A equipe de campanha do candidato republicano não respondeu às perguntas da AFP, assim como a empresa de Ivanka Trump. Mas seus sapatos são apenas uma pequena parte dos 1.200 carregamentos de produtos da “marca Trump” nos últimos 10 anos, segundo as estatísticas americanas analisadas pelo comitê anti-Trump Our Principles PAC.

No ano passado, Trump defendeu a decisão familiar de fabricar sapatos, camisas e gravatas na China.

As empresas americanas podem transferir parte de sua produção suscetível de ser automatizada aos Estados Unidos, mas a indústria têxtil também exige um trabalho a mão, para o qual é necessária uma mão de obra mais barata, explicou Zhang.

Em sua fábrica, que emprega 15.000 pessoas, um trabalhador de 20 anos, Cao Jian, disse que estava satisfeito com sua renda mensal de 3.200 iuanes (480 dólares).

Mas na China as reivindicações se intensificam. As manifestações de trabalhadores aumentaram 19% nos oito primeiros meses de 2016, com 1.867 greves registradas, segundo a associação China Labor Bulletin, com sede em Hong Kong.

As empresas enfrentam uma desaceleração da demanda e a exigência de salários mais elevados. No entanto, com o salário de um operário chinês, Huajian pode contratar cinco na Etiópia, destacou Zhang.

É por isso que seu grupo constrói em Addis Abeba “uma cidade industrial” em forma de sapato, com fábricas, dormitórios comuns, hotel e hospital, cercados de uma réplica da Grande Muralha.


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