Cada pessoa gera cerca de 135 a 180 litros de esgoto por dia – uma estimativa que inclui a água descartada em nossos banheiros, pias e máquinas de lavar, além de fezes e urina.
Tratar e lidar com esses dejetos é um negócio caro, que demanda tempo. Mas em vez de ver excrementos humanos como algo de devemos nos livrar, algumas empresas estão conseguindo transformá-los em algo útil – e até lucrativo.
A Northumbrian Water é uma empresa que passou a ser reconhecida como especialista no uso do que eles chamam de a “energia do cocô”: uso de dejetos humanos para geração de gás e eletricidade.
A companhia foi a primeira no Reino Unido a utilizar todos os seus descartes – o lodo gerado pelo tratamento do esgoto – para produzir energia renovável.
A energia é gerada a partir de um processo chamado digestão anaeróbia, que captura o metano e o dióxido de carbono liberados por bactérias, “digerindo” o esgoto. Os gases são utilizados para impulsionar motores que geram eletricidade. Parte também é utilizada diretamente na rede.
Segundo Richard Murray, chefe da divisão de tratamento de água na empresa, a reciclagem não era prioridade na mentalidade dos anos 90. “Nós só queríamos que o esgoto desaparecesse.”
O ponto crucial foi que o processo significava transformar o esgoto “de um custo a algo que nos trouxesse um pouco de renda”, diz Murray.
“Isso mudou toda a nossa visão sobre dejetos.”
A empresa tem duas plantas de biogás, que juntas reduziam a conta anual de energia da companhia em cerca de 20%. No total, Murray estima uma economia de 15 milhões de libras (R$ 64 milhões) por ano.
Diversas concorrentes no Reino Unido, como a Severn Trent e a Wessex Water, estão adotando medidas semelhantes às da Northumbrian. A produção de biogás também é comum em países como China, Suécia e Alemanha.
Condições sanitárias precárias matam 700 mil crianças por ano nesses países.
Melhorar essas condições foi o que impulsionou a criação de um equipamento, o Janicki Omni Processor.
O equipamento, criado pela empresa de engenharia Janicki Bioenergy, dos Estados Unidos, converte o esgoto em água potável e energia, cujo subproduto são cinzas.
A companhia tem um projeto-piloto em Dacar, no Senegal, e trata atualmente os dejetos de 50 mil a 100 mil pessoas. A água foi declarada como “deliciosa” por Bill Gates, que financiou o projeto por meio da Fundação Bill e Melinda Gates.
O gás produzido pelo tratamento de esgoto de Bristol agora é utilizado na rede nacional de gás.
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