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A ilha onde as moedas podem ser maiores do que os habitantes

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A chegada à pequena ilha de Yap, na Micronésia, no oceano Pacífico, surpreende até os viajantes mais experientes.

O único voo diário sobrevoa florestas fechadas, pântanos, lagoas de água salgada e um emaranhado de manguezais, cercados por recifes de corais.

Mas o que causa mais fascínio não é o cenário paradisíaco, tampouco a saudação das yapesas, com sua tradicional saia florida no aeroporto. É quando você fica cara a cara com o dinheiro de pedra (gigante).

São centenas de rochas em formato de discos, do tamanho de seres humanos, espalhadas por toda a ilha. Podem ser encontradas fora dos poucos hotéis da região, enfileiradas perto da praia ou nas profundezas das florestas. Cada aldeia ainda tem um banco de pedras a céu aberto, onde peças que são muito pesadas para serem transportadas ficam expostas no malal (espaço para danças).

“Minha família é dona de cinco pedras de bom tamanho”, diz Falmed (os yapeses usam apenas um nome), taxista que leva as pessoas até o banco de pedras Mangyol, na província de Gagil, ao leste de Yap.

Cinco, no caso, é uma boa quantia, já que muitos moradores da ilha não possuem sequer uma pedra.

As pedras com valor monetário “circulam” há vários séculos na ilha, embora ninguém tenha certeza de quando a prática começou. O que se sabe é que cada rocha é diferente da outra, e são tão densas em significado quanto em volume de calcário, extraído pelos yapeses de Palau, país insular localizado 400 quilômetros ao sudoeste de Yap.

Inicialmente, as moedas eram pequenas. Mas, à medida que as técnicas se aperfeiçoaram, foram ficando cada vez maiores, chegando a ultrapassar o tamanho das pessoas que as esculpiam.

Hoje, o dinheiro foi substituído pelo dólar americano, que é usado no dia a dia – por exemplo, nas compras de supermercado. Mas a moeda de pedra continua sendo vital para os 11 mil habitantes de Yap, em negociações mais conceituais, que envolvam direitos ou costumes.

Além disso, os yapeses levam em conta a história oral da pedra, já que não há registro por escrito de propriedade. Como as famílias raramente mudam de aldeia, os anciãos dos cerca de 150 vilarejos da ilha passam adiante informações sobre cada peça. As pedras acabam funcionando como um memorial do passado e ajudam a reforçar relacionamentos e negócios que datam do tempo em que havia guerreiros e clãs. Em alguns casos, as rochas apresentam gravuras que simbolizam batalhas de mais de 200 anos.

De tempos em tempos, no entanto, novas moedas são confeccionadas, com o simples intuito de garantir que as habilidades das gerações passadas não sejam esquecidas.


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