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Depiladora brasileira é processada no Canadá por se recusar a atender trans

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Quando decidiu abrir uma sala de depilação em sua casa, Márcia da Silva não imaginava que seria acusada de discriminação em um tribunal de direitos humanos no Canadá.

A brasileira, que vive com o marido e os filhos em Vancouver, recusou-se a depilar Jessica Yaniv (foto), uma mulher transexual que alega ter sido vítima de preconceito e agora exige indenização que pode chegar a US$ 15 mil. Em julho, durante audiência acalorada no British Columbia Human Rights Tribunal, Yaniv associou a brasileira a neonazistas e disse que a corte inauguraria um precedente perigoso se não decidisse em seu favor. O caso abriu discussão entre especialistas sobre até que ponto um prestador de serviço pode se negar a atender um cliente com base na identidade de gênero. Mas o debate foi além.

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Feministas acusam Yaniv de se aproveitar da sensibilidade do tema para prejudicar imigrantes e ganhar dinheiro às custas de pessoas que estão no país em busca de melhores condições de vida. Silva diz que precisou fechar as portas de seu negócio diante da repercussão negativa do episódio. A brasileira diz não ter a técnica necessária para depilar uma virilha masculina e que não quis prestar o serviço também por questões de segurança, porque, após a recusa, Yaniv teria mandado mensagens intimidantes a Silva.

“A posição não é sobre gênero, é sobre técnica”, afirmou à reportagem Jay Cameron, advogado de Silva. “Ela se recusou a fazer depilação em uma pessoa que se identificou como mulher, mas tem genitália masculina. Ela não depila genitália masculina, não se sente confortável fazendo isso, e não era um serviço que ela oferecia.” O advogado é integrante do Centro de Justiça para Liberdades Constitucionais. “Não posso especular sobre a motivação [da transexual]. Silva precisou fechar o negócio e outras tantas estão com problemas como depressão e ansiedade.”

Durante a audiência no mês passado, Yaniv disse que as esteticistas estavam “forçando suas crenças na sociedade” ao se recusarem a atendê-la por justificativa cultural ou religiosa. Sobre a brasileira, explica o advogado, a acusadora chamou de neonazistas aqueles que não prestavam serviços a pessoas que têm órgãos reprodutores masculinos, mas se reconhecem como mulher. Yaniv seria o primeiro atendimento de caráter profissional da brasileira. Antes de abrir a sala ao público, costumava fazer o serviço apenas para amigos e familiares.

No ano passado, decidiu colocar um anúncio no Facebook e foi contatada pela mulher transexual que hoje a processa. Segundo Cameron, a foto do perfil na rede social não mostrava Yaniv e, somente com a troca de mensagens via celular, Silva percebeu que se tratava de uma pessoa biologicamente definida como homem. Ainda de acordo com o advogado, após o cancelamento da sessão, Yaniv continuou enviando mensagens para constranger a brasileira. “Pela minha segurança, disse não [ao serviço]”, afirmou Silva durante audiência em julho. A reportagem tentou entrar em contato com Yaniv por meio do endereço de e-mail indicado em seu site, mas ela não respondeu aos pedidos de entrevista.

 


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