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México fecha fronteira com a Guatemala por causa da nova caravana migrante

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Na passagem de El Ceibo, em Tabasco, as autoridades bloqueiam o acesso durante horas e depois abrem a conta-gotas. Alguns se deslocam até a montanha para burlar os controles

Chove na fronteira de El Ceibo, e ninguém tem onde se proteger. Apenas alguns plásticos, folhas finas de árvores, chapa de metal enferrujada. Alguns nem sequer tentam: ficam no meio do caminho, diante da cerca fronteiriça, com suas estacas brancas e seu arame farpado. Sobre a cerca há uma placa que diz: “Bem-vindos ao México”, frase que perdeu todo o sentido num lugar como esse. Há centenas de homens, mulheres e crianças, na nova caravana migrante que sobe de Honduras e tenta chegar aos Estados Unidos.

As caravanas foram uma grande novidade porque romperam com a velha lógica da migração individual. Em grupo, a ideia de migrar sofreu uma mutação. Todos juntos eram menos vulneráveis a crimes, sequestros e extorsões. A união fazia a força. E assim foi, pelo menos nas primeiras vezes. A maioria dos migrantes que integraram a primeira caravana chegou à fronteira sul do país. Mas agora não é tão fácil como antes. As fronteiras são fechadas, e os policiais os perseguem. Outras rotas despontam como resposta às dificuldades impostas pelos governos. Os que não foram para o sul seguiram uma rota atípica, próxima ao mar do Caribe, que os levou finalmente às margens da desmatada floresta Lacandona, em El Ceibo. O último boato é que poderão passar em grupos, serão colocados num ônibus e levados a Villahermosa. E ali tem trabalho, explica Héctor Santos, 28, natural de Cortés (Honduras). “Nos disseram que há 4.000 postos de trabalho lá”, afirma. Ou seja: 4.000, os mesmos mencionados na sexta-feira pelo presidente do México, André Manuel López Obrador, em sua tradicional entrevista coletiva matutina. Santos é solteiro, não tem filhos, não avisou ninguém que iria embora com a caravana. Não tem celular nem Facebook. Hoje calça chinelos azuis sobre meias cinzentas.

Com o passar do tempo, Santos e outros homens retornam à cerca para ver o que há de novo. Por enquanto, nada. A chuva volta a cair em El Ceibo, e o grupo começa a se dispersar, pouco depois, Santos e os demais voltarão com uma espécie de sorriso na cara: parece que começarão a abrir o portão e os deixarão passar. Alguns aplaudem. Outros não dizem nada e permanecem quietos, sob a chuva, ao lado da cerca branca, em frente ao letreiro que diz: “Bem-vindos ao México”.


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