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EUA país mais rico do mundo: pelo menos 26 milhões enfrentaram fome em 2020

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Dados de novembro do Censo do país indicam que 26 milhões de adultos afirmam não ter tido alimento suficiente pelo menos uma vez na semana anterior à pesquisa.

Mas segundo a Feeding America, maior organização de combate à fome dos EUA, com 200 bancos de alimentos espalhados por todo o país, esse número pode ser ainda maior: 54 milhões de pessoas, entre adultos e crianças, ou um em cada seis habitantes do país estariam diante da angústia cotidiana de talvez não ter o que comer.

Para Julia Wolfson, professora de políticas de saúde da Universidade de Michigan e especialista em fome, esses dados são comparáveis apenas com o que os EUA enfrentaram durante a Grande Depressão, de 1929.

Pode parecer um contrassenso que no país mais rico do mundo a fome seja um grave problema social. Mas especialistas consultados afirmam que os EUA enfrentam um conjunto de fatores que explica o quadro: a pandemia, que já matou mais de 300 mil no país, desembarcou em um terreno com alta desigualdade social e um sistema de serviços sociais pouco robusto.

Cori Bush, congressista americana democrata eleita pelo Estado do Missouri expressou sua frustração com o presidente Trump e os colegas do Legislativo diante da demora no socorro à população. Via Twitter, ela afirmou que “43 milhões de pessoas correm o risco de ser despejadas já que a moratória do aluguel vai expirar. Eu vivi em um carro com meus dois bebês por meses. Eu preparei mamadeira em um banheiro do McDonalds. Se as nossas “lideranças” entendessem essas dificuldades como eu entendo, não haveria depende sobre a extensão do auxílio”.

“Grande parte do mundo olha para os EUA e vê um país de grandes oportunidades. Mas esse também é um país com muita desigualdade social e desigualdade de renda. Há comunidades aqui que se parecem muito mais com áreas pobres do Brasil do que com essa imagem de EUA que se tem. Há uma pobreza muito grave”, afirma a professora da Universidade de Michigan.

Os números confirmam o argumento. De acordo com os dados do censo americano, lares latinos ou negros têm entre 2 e 2,5 vezes mais chance de sofrer com insegurança alimentar do que domicílios de brancos. Uma em cada cinco casas de famílias negras enfrenta fome hoje nos Estados Unidos.

E nesse contexto, o sistema de seguridade social americano parece modesto demais para responder à questão, aponta Wolfson. O auxílio-desemprego, por exemplo, é extremamente limitado. Antes da pandemia, apenas 9% dos desempregados no Estado do Mississipi conseguiam acesso ao benefício.

O principal programa de auxílio no combate à fome, popularmente conhecido como “food stamps”, ou “vale-refeição”, é uma verba destinada a famílias de baixa renda para que comprem itens como carne, vegetais e cereais. O pacote assinado por Trump no último domingo prevê que US$13 bilhões irão diretamente para esse tipo de vale.

Diferente do Bolsa Família, que é um programa de transferência de renda, o dinheiro do food stamps, cujo nome oficial é Programa de Assistência à Suplementação Nutricional (SNAP, na sigla em inglês), só pode ser usado na compra de comida, o que deixa de fora uma série de necessidades que famílias pobres podem ter em relação a outros itens.

Diante da privação de comida, especialistas relatam os sentimentos de desespero, vergonha e tensão que tomam os lares.


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