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Envio de dinheiro por brasileiros no exterior é recorde nos últimos meses

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Segundo o Banco Central, de janeiro a setembro deste ano, as transferências pessoais com origem em outros países e destino ao Brasil já somam US $2,84 bilhões, maior valor da série histórica com início em 1995 e alta de 18% sobre igual período de 2020. No ano passado inteiro, o Brasil recebeu US $3,31 bilhões em transferências pessoais vindas do exterior, recorde para o indicador até então, que deverá ser superado em 2021.

Conforme especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, uma combinação de fatores explica as transferências recordes em meio à pandemia. A forte desvalorização do real em relação a moedas como dólar, euro e libra; a recuperação mais rápida das economias de países desenvolvidos do que a brasileira; o desemprego elevado no Brasil; e a nova onda de emigração de brasileiros, particularmente aos EUA, estão entre as causas citadas.

Os EUA foram responsáveis pelo maior crescimento no volume de remessas, somando US $1,47 bilhão entre janeiro e setembro, alta de 33% na comparação anual. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a comunidade brasileira no exterior ultrapassou os 4,2 milhões em 2020, crescimento de 17% sobre 2018, quando o último levantamento havia sido feito. Desse total, 42% ou 1,78 milhão viviam nos EUA, seguidos por Portugal (276 mil), Paraguai (240 mil), Reino Unido (220 mil) e Japão (211 mil).

Segundo dados da Receita Federal, de janeiro a novembro deste ano, 15,5 mil brasileiros entregaram declarações de saída definitiva do país ao Fisco. No ano todo de 2020, foram 20,9 mil, mesmo em meio à pandemia. Entre 2017 e 2019, as declarações superaram 23 mil a cada ano, quase o dobro da média anual de 12,8 mil declarações entregues nos seis anos anteriores.

Dólar em alta de 40%

Para Leonardo Cavalcanti, professor da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Observatório das Migrações Internacionais (OBmigra), a desvalorização da moeda brasileira é o principal motivo para o recorde de remessas vindas do exterior em 2020 e 2021. Desde o fim de 2019, o dólar passou de R $4,019 a R $5,609 (cotação de sexta-feira, 26/11), uma alta de 40% em relação ao real.

No período mais recente, a desvalorização da moeda brasileira tem sido reforçada pelo aumento da incerteza nas contas públicas, devido ao avanço da PEC dos Precatórios, proposta que muda o cálculo do teto de gastos e permite ao governo dar um calote em algumas obrigações financeiras. O dólar também ganha força diante dos temores do mercado com relação à nova variante do coronavírus.

Segundo dados da agência americana de Alfândega e Proteção de Fronteiras, o número de brasileiros cruzando ilegalmente a fronteira sul do país bateu recorde histórico no ano fiscal de 2021 (que vai de 1º de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021). Foram 56.881 brasileiros detidos, um aumento de 700% em relação ao mesmo período de 2020. Até então, o auge da migração ilegal de brasileiros havia sido em 2019, quando cerca de 18 mil tentaram entrar nos EUA ilegalmente pela fronteira terrestre com o México.


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