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México tem onda de desaparecimento de mulheres jovens e bonitas

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Nuevo León, México, ocupa o noticiário desde o início de abril, quando a imprensa local noticiou o desaparecimento de oito jovens em apenas dez dias, a maioria na capital Monterrey e em sua região metropolitana. Segundo dados oficiais, 376 mulheres foram dadas como desaparecidas este ano neste Estado, até 12 de maio. Destas, 48 permanecem como “não localizadas” e seis foram encontradas mortas.

E em um país onde 95% das denúncias não têm solução, o papel das autoridades em garantir a segurança e investigar esses casos está sob investigação. Mas a verdade é que Nuevo León sofre com esta tragédia há muito tempo. Maya Hernández sabe disso, uma jovem estudante de psicologia clínica cuja mãe, Mayela Álvarez, desapareceu em Monterrey há quase dois anos.

A onda de desaparecimento de mulheres jovens no México

Com apenas 16 anos na época, Maya teve que não apenas liderar a busca, mas também administrar sua casa, onde mora com sua avó e seu irmão mais novo. “Antes de minha mãe desaparecer, não tinha ideia de que isso era uma crise social. E então percebi que não sou a única, que há muitos desaparecidos em Nuevo León. E que, em vez de diminuir, esse número aumentou ao longo dos anos”, diz ela à BBC. Segundo Maya, em todo esse tempo, não houve avanços na investigação.

“O fato de minha mãe ter desaparecido me deixou mais cautelosa e mais consciente. Mas cada vez me sinto menos segura”, lamenta. “Temos o direito de nos divertir e não devemos nos trancar em casa. Já fizemos isso por causa de uma pandemia, agora não devemos fazer por insegurança.” A BBC não recebeu resposta a dois pedidos de entrevistas com o governador de Nuevo León e com o Ministério Público, cujo trabalho foi duramente criticado por familiares de desaparecidos que dizem ter encontrado claras irregularidades em casos como o de Debanhi. A promotora estadual de feminicídio, Griselda Núñez, insistiu em descartar a acusação de que haja uma tendência generalizada ou organizada de violência contra as mulheres em Nuevo León e disse que cada caso deve ser tratado individualmente.

Segundo Mariana Limón Rugerio, é “o desamparo do Estado” que não lhes deixa outra saída senão organizar-se. E mais ainda no caso dela, pois ela se sente mais exposta sendo uma jovem jornalista em Monterrey. As jovens de Monterrey estão sendo cada vez mais engenhosas quando se trata de adotar medidas de proteção, desde compartilhar sua localização até carregar spray de pimenta ou um dispositivo taser de autodefesa na bolsa. As táticas também incluem evitar postar fotos nas redes sociais em tempo real, para que estranhos não possam saber de sua localização atual.

Mónica López, professora de 26 anos da periferia de Monterrey, lamenta que as mulheres sejam obrigadas a adotar essas medidas. “Não é justo, mas você acaba fazendo isso pela sua família e para chegar em casa viva”, admite. As autoridades às vezes se encontram em “uma situação complicada”, diz Gabriela Martínez. Ela é policial em Monterrey desde os 19 anos, mas também é uma jovem afetada pelo contexto atual. Martínez diz que os agentes da cidade implementaram medidas para aumentar o apoio às mulheres jovens em situação de vulnerabilidade, como acompanhá-las quando aguardam sozinhas o transporte. Mas a insegurança em Nuevo León não parece estar melhorando aos olhos de muitas mulheres.


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