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Departamento de Justiça dos EUA divulga documento que justificou buscas na casa de Trump

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (26) uma versão editada do depoimento que usou para obter aprovação judicial para as buscas na residência do ex-presidente Donald Trump na Flórida, no início do mês. Entre as justificativas, cita-se a exposição de “recursos humanos clandestinos” (ou seja, espiões e informantes) e que Trump levou mais de 700 páginas da Casa Branca.

Do documento de 32 páginas, 23 foram bastante censuradas, sendo que 11 foram totalmente ocultadas. Isso foi feito para proteger a investigação, que ainda não foi concluída.

Parágrafos ocultados de documento que justifica operação na casa de Donald Trump em Mar-a-Lago — Foto: Jim Bourg/Reuters

A divulgação revelou alguns novos detalhes sobre os documentos confidenciais que Trump manteve em sua casa em Mar-a-Lago até janeiro deste ano, desde anotações manuscritas pelo presidente até informações sobre fontes de inteligência nacional. Também mostrou esforços de representantes de Trump para comprovar que ele tinha autoridade para desclassificar os documentos. De acordo com a mídia americana, mesmo com os parágrafos censurados, é possível saber que:

  • O ex-presidente Trump levou mais de 700 páginas de documentos sigilosos, incluindo alguns relacionados às operações de inteligência mais secretas dos EUA;
  • Antes da operação de busca e apreensão, o governo dos EUA já tentava recuperar alguns documentos que Trump não podia ter tirado da Casa Branca e até mesmo conseguiu obter alguns desses papéis;
  • O medo do atual governo era que uma eventual publicação do conteúdo dos documentos que Trump levou para sua residência iria colocar em risco “recursos humanos clandestinos” (ou seja, espiões e informantes);
  • Há “um número significativo de testemunhas civis” que sabiam que Trump levou documentos da Casa Branca de forma clandestina e levado para sua residência em Mar-a-Lago;
  • Para o Departamento de Justiça, havia causa provável para acreditar que havia evidência de que Trump estava obstruindo a Justiça.

A identidade de parte das testemunhas precisa ser protegida: “Antes de tudo, o governo deve proteger a identidade das testemunhas a essa altura da investigação e garantir a segurança delas”, afirmaram dois advogados do Departamento de Justiça. Essas testemunhas, se tiverem suas identidades reveladas, estão sujeitas a retaliação, intimidação ou assédio —inclusive ameaças físicas; os riscos não são hipotéticos nesse caso, afirmou o Departamento de Justiça. Junto também foi divulgada uma carta do advogado de defesa de Trump, Evan Corcorcan, que escreveu ao departamento em 25 de maio para reclamar da investigação do Departamento de Justiça.

Ex-presidente americano, Donald Trump, durante comemoração na sua casa de Mar-a-Lago em 21 de dezembro de 2016 — Foto: Carlos Barria/REUTERS

A divulgação já era esperada, já que segue uma determinação da Justiça norte-americana de quinta-feira (25), e pode lançar mais luz sobre as evidências que justificaram a busca sem precedentes – Trump, ao deixar a presidência, levou da Casa Branca mais de centenas de documentos confidenciais e de propriedade estatal. O Departamento de Justiça – um equivalente a um Ministério da Justiça – era contra essa divulgação, que, para o órgão, coloca em risco uma investigação criminal em andamento, além de revelar informações sobre testemunhas e tornar públicas técnicas de investigação. Em 8 de agosto, para recuperar parte desses papéis, o FBI fez uma operação de busca e apreensão na casa de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, que foi revelada pelo próprio ex-presidente.

Reação de Trump

Trump publicou um texto na Truth Social, a rede social dele: “Declaração com muitos trechos ocultados! Nada mencionando ‘nuclear’, um subterfúgio total de relações públicas do FBI e Departamento de Justiça”. O juiz nunca deveria ter permitido o “arrombamento” de sua casa, afirmou Trump. Ele acusa o juiz de odiá-lo. Na noite do dia 8 de agosto, o ex-presidente Donald Trump, dos EUA, publicou uma nota na qual afirmava que um grupo de agentes do FBI fazia uma operação em sua casa de Mar-a-Lago. Não foi uma invasão a força, já que o FBI avisou o Serviço Secreto, que protege o ex-presidente, antes de chegar, de acordo com a rede NBC. Lá dentro, passaram horas revistando a residência. Abriram, inclusive, uma caixa forte.

Viaturas policiais na frente da casa de Donald Trump, na Flórida — Foto: Terry Renna/AP

O mandado de busca autorizou agentes do FBI a apreender materiais da residência de Trump em Mar-a-Lago para investigar crimes relacionados à Lei de Espionagem, que proíbe a retenção não autorizada de informações de segurança nacional que possam prejudicar os EUA ou ajudar um adversário. Junto ao mandado, foi divulgado um inventário do que foi apreendido pelo FBI em Mar-a-Lago: 11 conjuntos de documentos confidenciais, entre os quais havia quatro que eram ultrassecretos e três secretos.

A declaração deve ter informações importantes sobre o motivo pelo qual o FBI executou um mandado de busca em Mar-a-Lago em 8 de agosto, mas já se sabe o que foi levado: 11 conjuntos de documentos sigilosos, incluindo informações que têm o nível mais secreto de sigilo. Os documentos também mostraram que o FBI estava investigando a “retenção intencional de informações de defesa nacional”, a ocultação ou remoção de registros do governo e obstrução de uma investigação federal.


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