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Brasileiro é assassinado com golpe de mata-leão durante briga de trânsito em Portugal

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O brasileiro Amândio Oliveira da Silva Júnior, de 44 anos, morreu asfixiado por um golpe de mata-leão em uma briga de trânsito nesta segunda-feira (28), na região de Quarteira, em Portugal. Amândio era natural de Presidente Epitácio (SP), município localizado no interior Oeste do Estado de São Paulo, e vivia em Portugal há seis anos, onde morava com o amigo Ricardo Jorge Silva.

Em entrevista ao g1 na manhã desta quarta-feira (30), Ricardo relatou que o amigo era tranquilo e não incomodava ninguém. “Ele era muito tranquilo, vivia no espaço dele, não dava trabalho nem incomodava. Ele era muito sossegado e pacato, não falava alto, não discutia, era muito amigo, era só pedir alguma coisa que ele estava pronto para ajudar”, ressaltou o serralheiro mecânico. A irmã de Juninho, como era carinhosamente chamado pelos amigos e familiares, disse que a situação é ainda mais difícil de compreender, visto que ele era uma pessoa tranquila.

Amândio Júnior, de 44 anos, morava em Portugal há seis anos — Foto: Cedida

“Meu irmão estava atravessando a rua, não foi atropelado, não arrumou briga, ele simplesmente atravessou a faixa de pedestre, a moto passou e ele deve ter falado um palavrão, algo como ‘você não me viu?’, o cara voltou e deu um mata leão. É desproporcional. Pensei ‘como vou falar isso para o meu pai?’”, disse Amanda Langui Miranda.

O crime

O brasileiro morou por três anos com o amigo Ricardo e a mãe dele em um apartamento na região de Quarteira. Ele explica que Amândio quis ir até a praia na última segunda-feira (28) e, ao retornar para a casa durante a noite, foi surpreendido pela violência de um motociclista que transitava em alta velocidade no local.

Brasileiro foi morto com golpe de mata-leão enquanto voltada da praia, em Portugal — Foto: Cedida

“Ele foi com o Rafael, que é um amigo nosso, mais a filha do Rafael. Estiveram lá a tarde toda e, no final do dia, como moramos do lado da praia, vinham subindo e junto à passadeira [faixa de pedestre], o Rafael e a filha passaram primeiro, e o Juninho ia passar em seguida. Quando o Juninho foi passar, um rapaz de moto vinha com muita velocidade, e o Juninho chamou a atenção do rapaz. Ele parou a moto, desceu, deu logo um soco e um mata leão”, relatou Ricardo. Em seguida, Amândio pediu ajuda ao amigo Rafael, que tentou socorrê-lo. “O Rafael acudiu o Juninho, tirou o rapaz de cima dele e o Juninho já não conseguia respirar direito. Rafael deu um soco no rapaz, que apagou, e ele foi socorrer o Juninho. Ele não estava conseguindo respirar, entretanto, ligaram para mim, eu estava longe, mas vim, ainda ajudei a socorrer ele, que não conseguia respirar”, contou Ricardo.

Morreu nos braços do amigo

Ainda conforme Ricardo, o resgate português demorou cerca de 40 minutos para chegar no local, mas já era tarde. Com dificuldade para respirar, o brasileiro, de 44 anos, morreu nos braços do amigo. “O Inem [Instituto Nacional de Emergência Médica] veio muito tarde, o auxílio da parte da GNR [Guarda Nacional Republicana] foi tarde. Ele levou mais de 40 minutos para ser auxiliado por alguém, ele não conseguia respirar. Estava com ele no meu colo e a GNR só veio prestar os primeiros socorros quando ele já tinha apagado nos meus braços, quando ele já tinha falecido. Ele morreu nos meus braços.”, relatou Ricardo ao g1.

Ricardo Jorge Silva (à esquerda) e Amândio Oliveira da Silva Júnior (à direita) moravam juntos em Portugal — Foto: Cedida

O português ainda conta que a confusão aconteceu por volta das 20h30, e a vítima faleceu às 21h20. O corpo foi retirado no local à 1h da madrugada de terça-feira (26). O acusado de ter cometido o crime ficou desacordado após brigar com o amigo de Amândio e precisou ser socorrido até um hospital. Em seguida, ele foi preso e apresentado à Justiça portuguesa. “Hoje o consulado brasileiro me ligou e disse que o processo já estava instaurado no tribunal de Loulé”, disse Ricardo.

Itamaraty

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou em nota oficial enviada ao g1 na tarde desta terça-feira (29) que, por meio do Consulado Geral do Brasil no Faro, vem prestando assistência consular aos familiares do brasileiro falecido, além de manter interlocução sobre o caso com as autoridades policiais portuguesas competentes. “Em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos familiares diretos. Assim, o MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”, complementou o Itamaraty ao g1.

Tranquilo e prestativo

Amândio Oliveira da Silva Júnior era o primogênito de cinco irmãos por parte de pai, de quem herdou o nome. Juninho perdeu a mãe ainda criança, quando tinha cerca de 3 anos de idade. Apesar da ausência materna, ele não deixou de ser feliz, conforme conta a irmã.

Amândio Júnior, de 44 anos, trabalhava como motorista de caminhão — Foto: Cedida

“Para doer menos, eu fico tentando buscar uma coisa ruim, para poder ficar com um pouquinho de raiva, para ver se dói menos. Sabe aquela pessoa que você olha e diz: tenho um problema. Ele falava ‘tá bom, nós vamos resolver. Vai dar certo’. Ele sempre foi feliz (…). Ele tinha aquele olhar doce e sereno. Eu não tenho um momento de raiva do meu irmão, eu não sei se isso me machuca ou me conforta, porque ele soube viver a vida”, relatou Amanda Langui Miranda ao g1. A advogada relatou ainda que, após a morte do irmão, descobriu que ele era mais amado pelos amigos do que imaginava.

“Ele era tão amado que os amigos estão tentando resolver para doer menos para a família. Eu tenho amigos que cabem na palma da minha mão, o Juninho não tinha colegas, ele tinha amigos. Inclusive, ele faleceu no ombro do Ricardo. Os amigos adiantaram 70% de tudo. Só tenho que agradecer a Deus pelo caminho que ele teve e pelos amigos que ele fez. É uma família de amigos”, disse Amanda.

Viveu intensamente

Juninho era formado em Química pela Unesp e foi tentar melhorar de vida há seis anos em Portugal. “O Juninho sempre foi independente, sempre correu atrás e trabalhou, fez faculdade, sempre foi desenvolto. Foi um dia que a gente se perguntou ‘ué, cadê o Juninho?’ e ele estava indo para Portugal. Ele foi e lá ele começou a trabalhar, estava bem, viajava. Acho que ele começou a trabalhar lá em um açougue e agora ele estava como caminhoneiro, mandava fotos falando ‘fui descarregar na Suíça’, contou ao g1. Por conta dessa serenidade, os amigos e familiares custam a acreditar na violência que o vitimou. O amigo de Portugal, Ricardo, conta que o sentimento agora é de incapacidade. “Meu sentimento é de incapacidade, não consegui fazer nada. Está muito difícil”, descreveu. A irmã, que também está cuidando da burocracia em relação à morte, informou que ainda está difícil acreditar nas circunstâncias do ocorrido. “Está doendo demais, eu tive que dar a notícia para o meu pai, que está operado. Estou morrendo de pena da tia que criou ele, ela já é uma senhora de idade e está sofrendo. É difícil, não dá para explicar. Eu gostaria de chegar e falar ‘ele foi atropelado’, se fosse para chegar e dar a notícia para o meu pai falando que foi um acidente, mas não foi. Estamos falando de um homicídio, não foi de um atropelamento, de uma briga que ele causou, é um homicídio que não tem nem motivo”, disse Amanda.


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