Na capital Dublin, autoridades frequentemente desmontam acampamentos erguidos por estrangeiros. A situação é agravada por crise habitacional e lei anti-imigração no Reino Unido que aumentou fluxo de refugiados ao país.O centro de Dublin brilha com obras arquitetônicas que abrigam escritórios de corporações globais. Mas sob as fachadas de vidro desses prédios há cada vez mais barracas.
Algumas delas são de sem-teto. Os preços de aluguel em Dublin são simplesmente inacessíveis para muitos, e há uma crise habitacional em toda a Irlanda, assunto que domina o país atualmente. Quando assumiu o governo, em abril, o primeiro-ministro Simon Harris prometeu entregar 250 mil novas casas até o final da década.
A escassez de moradia foi agravada pela invasão russa da Ucrânia. Desde o início da guerra, 100 mil refugiados ucranianos se registraram na Irlanda. E como a Irlanda faz parte da União Europeia, eles foram acolhidos automaticamente.
Uma “cidade de barracas” ao redor do Escritório de Proteção Internacional em Dublin, órgão responsável pelo processamento de pedidos de asilo, foi desfeita pelas autoridades irlandesas em 1º de maio. Ali dormiam homens jovens que lavavam e cozinhavam na rua, e que carregavam seus celulares em estações de aluguel de bicicletas. Seus 285 ocupantes foram encaminhados a dois abrigos de emergência. Desde então, novos acampamentos têm repetidamente voltado, apenas para serem repetidamente desmanchados.
Em 2023, a Irlanda registrou cerca de 12,3 mil pedidos de asilo. Desde então, os números dispararam; chegariam a mais de 20 mil em 2024, segundo um político de oposição citado pelo Irish Times. Considerando a população de 5 milhões da Irlanda, isso quer dizer que, proporcionalmente falando, o país teria um nível de migração semelhante ao da Alemanha.
Segundo autoridades irlandesas, o aumento nos pedidos de asilo nas últimas semanas também se deve a uma lei aprovada no Reino Unido que permite a deportação para Ruanda de imigrantes que chegam ao território de forma irregular, para que busquem asilo no país africano. Com isso, o governo britânico espera pôr fim a esse tipo de migração.
Mesmo depois de uma decisão desfavorável da Suprema Corte, o governo conservador, liderado pelo primeiro-ministro Rishi Sunak, manobrou e seguiu adiante com a lei. Ele também ameaça ignorar qualquer eventual decisão semelhante do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Antes desse julgamento, muitos imigrantes já tentavam cruzar do Norte para a República da Irlanda para escapar da deportação para Ruanda. De acordo com a ministra da Justiça da Irlanda, Helen McEntee, é assim que atualmente 80% de todos os requerentes de asilo estão entrando no país, o equivalente a mais de 6 mil pessoas desde o início do ano. O gabinete dela avalia maneiras de devolver esse imigrantes à Grã-Bretanha.
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