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‘É impossível achar alguém para casar’: O drama do país que mais perde população no mundo

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Na Província de Pernik, interior búlgaro, não são apenas os trajes de lã que fazem de Stoyan Evtimov um sujeito incomum. Com mais de trinta anos de idade, ele é um dos poucos que permanecem no vilarejo onde nasceu.

“Todos os amigos com quem cresci aqui foram embora há anos”, diz. A maioria dos jovens mudaram de cidade à procura de trabalho.

Evtimov se considera uma pessoa de sorte por ter conseguido um emprego na vila de Peshtera, como líder de um grupo folclórico e organizador de um festival anual de música para reviver o tradicional casamento musical búlgaro. Ainda assim, para ele, a vida no vilarejo é inviável.

“É impossível encontrar alguém para se casar aqui ou nas vilas próximas, simplesmente porque não há nenhum jovem. A única chance para mim é encontrar alguém na cidade”, diz.

Evtimov diz que vai ser duro deixar seu vilarejo. Mesmo com tristeza, ele sabe que vai ter de fazer isso em algum momento nos próximos anos.

O êxodo contribuiu para outro fator também relacionado ao encolhimento da população: queda na taxa de natalidade, uma vez que jovens adultos estão deixando o país.

A última vez que um bebê nasceu na vila de Stefka, que trabalha numa mercearia, foi há dez anos. Mas nem a garota nem a mãe moram mais no povoado. Mudaram-se para o Chipre.

No alto da montanha, muitas lojas já fecharam as portas, assim como a escola local. Os ônibus deixaram de circular por ali. “Essa vila tinha cerca de 600 pessoas, agora tem 13. Muitos estão no cemitério e outros nas cidades”, diz Boyan, de 70 anos, moradora de Kalotinsi.

Em Smirov Dol, outro vilarejo búlgaro que sofre com o êxodo de moradores, Stanka Petrova lembra dos tempos em que havia muita gente no povoado, enquanto espera pela chegada de uma loja itinerante, que abastece a região de tempos em tempos.

As pessoas em Kalotinsi e nos vilarejos das redondezas igualmente dependem de uma loja móvel para comprar mantimentos. A mercearia funciona numa van e visita a região três vezes por semana.

Os donos do negócio são o casal de meia idade Atanas e Lili Borisov. O veículo deles está sempre abastecido com um pouco de tudo, de pão e iogurte a cigarros e cerveja, além de medicamentos. Em dez anos, eles nunca deixaram de fazer suas entregas, mesmo no inverno mais rigoroso, quando a neve toma todas as estradas.

A dona da mercearia ambulante diz que se preocupa quando alguém deixa de aparecer no lugar onde normalmente o casal estaciona para vender seus produtos. “Principalmente no inverno”, ressalta. Ela conta que uma vez encontraram uma pessoa morta.

O governo está implementando diferentes medidas para tentar conter a redução da população e estimular o aumento da taxa de natalidade.

Entre outras medidas, a Bulgária oferece ajuda para bancar tratamentos de fertilidade, garante assistência de saúde infantil e apoio para pagar hipoteca. Também tem encorajado búlgaros que vivem no exterior a voltarem para o país – estrangeiros não são benvindos.

“A Bulgária não precisa de refugiados sem educação”, afirma o primeiro-ministro interino Valeri Simeonov, um dos líderes do United Patriots (Patriotas Unidos, em tradução livre), um grupo anti-imigrantes que faz parte da base de apoio do governo búlgaro.

Para Simeonov, a Bulgária tampouco deve aceitar estrangeiros educados e qualificados.


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