Francisco Sampa: Enquanto a Dilma dorme sinto o cheiro de sangue e morte na madrugada

Este título reflete a realidade que acompanho durante a madrugada na 5ª Capital brasileira, a cidade de Fortaleza e sua área metropolitana, chefiando uma equipe de reportagem de uma afiliada de uma das maiores redes de TV do Brasil, junto com a minha equipe. No período da meia noite às seis da manhã, cubro no mínimo seis homicídios por noite, sem contar as tentativas frustradas e aqueles que não usam o SAMU ou acionam a polícia via 190, o telefone de emergência. Pois bem senhores, toda essa violência tem um combustível e uma série de fatores que a alimentam. O principal são as drogas, seguida de leis frágeis e frouxas, culpa dos nossos legisladores, data vênia, um bando de frouxos e muitos deles corruptos, que também são vítimas da fragilidade das leis legisladas por eles mesmos. Boa parte legisla em causa própria, como mudar uma lei que no futuro poderá me pegar ou até alguém da minha família? Um monte de cabras frouxos, ou seriam cegos, medrosos, covardes, cúmplices dessa matança que vemos na mídia e eu acompanho nos sete dias da semana ao vivo e à cores na escuridão da noite e madrugada.

A equipe dos órgãos de segurança que vai ao local do crime, aqui em Fortaleza, eu já batizei de “O comboio da morte”, é composto por três viaturas, sendo elas: duas caminhonetes Hilux e um furgão F4000. Um carro da perícia com dois profissionais, um rabecão com mais dois e uma viatura da DHPP com quatro pessoas, um delegado, um escrivão e dois inspetores ou investigadores de polícia, este são os elementos que compõem o comboio da morte, que no período de 12 horas cobrem em média 10 homicídios por plantão. Pessoas são mortas como pernilongos ou muriçocas como se diz aqui no nordeste, e tudo em função das drogas ou pelas drogas, o câncer maior da sociedade brasileira e mundial.

A senhora presidenta, se disse indignada com a morte do traficante brasileiro Marco Archer, um folgado, boa vida que zombava de tudo e de todos e segundo quem o conhecia, chamava aqueles que não tinham coragem de traficar para a Indonésia de “bundões”. Ele foi executado por um pelotão de fuzilamento de Jacarta na Indonésia.

Nestes 1095 dias, nos quais exerço a função de repórter policial, não li ou vi uma nota da nossa mandatária mostrando indignação contra as mortes de brasileiros dentro do imenso território nacional no ano de 2014, mais de 60 mil brasileiros foram assassinados senhora presidenta e o que fez pra salvar a vida deles? Mas a bem da verdade, a culpa não é do presidente, nem dos governadores, tão pouco dos prefeitos e sim dos nossos congressistas que não têm a coragem de mudar a Constituição de 1988 e este arcaico e maldito Código Penal Brasileiro defasado com mais de 60 anos. Eles fingem que não sabem de nada, tal qual no local dos crimes: não sei, não vi, não conheço, como macaquinhos que representam os deuses da sabedoria: são cegos, surdos e mudos.

Enquanto isso o sangue lava as nossas ruas e eu sigo sentindo o cheiro da morte no ar. Nosso povo está sendo dizimado, caçado por traficantes ou a mando deles. Em sua carta de clemência a senhora pediu como presidenta, mãe e avó e eu lhe faço o mesmo, pedindo na condição de pai, avô e profissional da mídia: Senhora Presidente, baixe uma MP (medida provisória), convoque um plebiscito, faça um culto, uma missa, uma sessão de macumba, ou como a senhora disse: “faremos o diabo para ganhar as eleições”, e ganhou. Use a mesma força, faça o diabo para salvar a sociedade brasileira deste câncer, combustível das mortes do seu, do meu, do nosso povo brasileiro: as drogas e os traficantes. É preciso dar um fim antes que nós sejamos dizimados por eles… Até essa hora chegar, siga dormindo aí no Palácio da Alvorada e eu seguirei sentindo o cheiro de sangue e morte na madrugada.