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Francisco Sampa: Procura-se um líder

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francisco_sampaTodos querem. Todos se autopromovem líderes, mas será que sabem o que é ser líder? O vendedor de pastel e caldo de cana, acha que pode. O carpinteiro que tem mais escadas e alguns martelos extras também. O assador de carne com várias churrasqueiras acha que o lugar é dele, afinal ele tem muito dinheiro, várias casas, um monte de empregados e o dobro de puxa-sacos. A diarista com vários aspiradores de pó também quer sua parte no latifúndio da liderança. A estrela linda e jovem, umas não tão jovens, da ribalta etílica com suas curvas naturais e artificiais também quer, afinal ela dá prazer e alegria aos cansados da luta cotidiana pela sobrevivência. Resumindo, todos querem, todos são importantes, “gente muito rica”, construtores, produtores, cantores, atravessadores, mercadores de comida e sonhos.

Todos são VIP. Só me resta uma dúvida: é VIP de “very important person” ou VIP de “very ignorant person”? Porque como tem VIP na comunidade, todo mundo que ganha mais de U$ 10,00 por hora se acha VIP. É só ver nos shows e festas. Neguinho abre a boca e diz “nóis tá no VIP”, enquanto nós os míseros pobres estamos lá embaixo na “pipoca”, na “muvuca” e eles os VIP de “zóio” na pobretada, da qual eles acham que não fazem parte, afinal por algumas horas eles estão no VIP, detalhe: estão não, são VIP, mas como aquii todo mundo se acha importante, líder e outras coisas mais, é “muita manchete pra pouca notícia”, como diz a filosofia da lajinha “todo mundo anda atrás de pão grande, pra comer em dia pequeno”. Um pequeno comerciante em qualquer cidade do Brasil é um comerciante. Aqui a galera tem de ser tratada de empresário e ai de quem chamar de comerciante, recebe uma praga de sete anos, pior do que praga de sogra.

Muito bem amigos. Temos muitos caciques e poucos índios e com a crise econômica, a tribo está se dizimando, muita gente fez fortuna às custas do próprio trabalho e do suor escorrido na face do empreendedor imigrante trabalhador, mas agora que atravessamos um oceano de incertezas, medos e angústias materiais e espirituais pelo medo do que nos cerca: trabalho, patrão, polícia, imigração e legalização, eu pergunto onde estão os líderes, os profetas, os senhores dos púlpitos, dos altares e dos jantares?

Pois é, agora precisamos que apareça um líder para orientar de forma ordeira e segura, assim como fez Moisés, que guiou seu povo até cruzar o Mar Vermelho, que nossos líderes nos conduzam com sabedoria e honestidade, pois a comunidade carece e merece ter alguém assim. Todos falam, criticam e atiram pedras, mas ninguém se atreve a pegar o cajado e seguir a estrada afora em busca de um novo dia, de um novo romper da aurora.

Precisamos de um líder que não tenha no cérebro uma caixa registradora e no olhar dois cifrões $$. Um líder que seja a água na hora da sede, a luz das trevas, a seta do caminho a seguir, o sedativo para a dor da alma, o porto seguro no oceano de tribulações, o pão do faminto, o abraço ao solitário, a sobra do deserto, o braço forte e a mão amiga que afaga, o ouvido que nos escuta, a boca que nos console e os olhos que nos guie pelo caminho. Que este líder saiba conduzir os pseudos líderes, que existem em nossa comunidade. Que como bons pastores, conduzam suas ovelhas a lugar seguro.

Lugar com água fresca, boa alimentação e segurança, com olhos abertos e ouvidos atentos, pois os lobos estão à espreita. Se o pastor cochilar, as ovelhas serão devoradas. Portanto, senhoras e senhores, está aberta a inscrição e mais do que nunca procura -se um líder.

À todos uma boa semana, enquanto seu líder não vem.


Social Press . 14/05/2015

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