Por mais de dez anos Leandro Gardini tem se dedicado a composição e produção de música para cinema. Logo nos primeiros anos, após ingressar no mercado de trabalho e ter fundando sua própria produtora, Leandro se destacou por suas maravilhosas produções orquestrais dignas dos melhores filmes hollyudianos. Mas um detalhe curioso que ninguém notava era que todas as suas produções, regadas de grande orquestra e coro, eram feitas em um pequeno estúdio caseiro que ele mesmo montou. Não tardou a acontecer os primeiros convites para trabalhos no exterior, mas por um período, o compositor brasileiro preferiu investigar mais a fundo o mercado de trabalho de seu país de origem. Após uma viagem para a Austria onde participara de um curso de composição para filmes, Leandro foi convidado para trabalhar como orquestrador por um dos tutores do curso. O tutor em questão, era nada mais nada menos que o famoso compositor de Hollywood Christopher Young. O compositor brasileiro gentilmente nos concedeu uma entrevista enquanto se prepara para a empreitada em Hollywood. 1. Leandro, vc tem uma carreira sólida e prolífica no Brasil compondo para TV e cinema. O que segundo a sua opinião difere o mercado de trabalho brasileiro do americano. Basicamente os orçamentos. O cinema brasileiro ainda cresce a passos largos e o incentivos as produções cinematográficas, apesar dos esforços do governo com leis de incentivo a cultura, não são suficientes. Vale a pena destacar que os investimentos não dependem somente do governo. Subsídios vindos de grandes empresas e empresários é coisa rara no cinema brasileiro, e por isso, os nossos grandes talentos que ficam por de trás das câmeras têm poucas chances de construir uma carreira sólida de estável no mercado nacional. 2. Então vc acha que o cinema nacional tem potencial de crescimento dentro e fora do país? O cinema brasileiro ganhando projeção internacional é outra questão mais complexa, mas dentro do país certamente existe um mercado muito fértil e inexplorado. O brasileiro não tem o costume de consumir filmes nacionais. As razões são diversas, mas uma que mais me chama atenção é o fato de que o brasileiro tem um certo preconceito com a produções nacionais. O costume de consumir os grande filmes hollywoodianos faz com que muitas pessoas não tenham interesse no que vem de seu próprio país. O mesmo já não acontece com a TV brasileira. Temos talvez um exemplo ao mundo de TV com relação a qualidade de produção, principalmente nas novelas. 3. As novelas brasileiras são exportadas a diversos países no mundo e parecem ser bem aceitas por outras culturas. Como vc traça um paralelo entre a novela e o cinema brasileiro. Assistir novela faz parte do cotidiano da cultura brasileira. Já o cinema é um entretenimento de talvez apenas um fim de semana por mês pra boa parte da população. Nos EUA a cultura é mais voltada para para as séries de TV que, nos últimos anos, tem superado em lucro e investimento o próprio cinema americano. 4. Falando de EUA, vc foi chamado para trabalhar com o famoso compositor de Hollywood Christopher Young. Certamente vc é um talento que merece e será muito bem aproveitado pelos chamados Blockbusters. Como será essa sua parceria com o compositor americano? Parceria é uma boa colocação pois farei trabalhos diversos com ele sendo seu assistente. As produções hoje têm prazo de entrega muito apertados e por isso todo compositor precisa de um time de assistentes que possam agilizar o processo para ele. No meu caso, como também sou compositor, tenho experiência em orquestração, editoração de partituras, transcrição e programação midi. Tudo isso fará parte de minhas tarefas com o Christopher Young. 5. Leandro, suas músicas são de uma qualidade impecável. O que vc acha que mais chamou a atenção do Christopher Young ao ouvir o seu trabalho. Acho que é um pouco de tudo. Em tempos modernos não adianta um compositor compor excelentes trilhas se não souber traduzir sua música escrita à uma excelente produção em orquestra virtual. O processo de orquestra virtual é fundamental para um compositor de trilha hoje e eu tenho dedicado o meu aperfeiçoamento não somente a composição e orquestração, mas a programação midi também. Acho que é o conjunto da obra que faz a fama de um artista. 6. Leandro, muito obrigado pelo seu tempo, foi um privilégio conversar com vc e poder transmitir o seu conhecimento aos nossos leitores. Muito boa sorte na sua empreitada em Hollywood. Eu é quem agradeço a oportunidade de poder expor minha idéias e espero que minhas palavras inspirem muitos outros artistas a seguirem seus sonhos.
Comments