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Lula diz sofrer ‘massacre’ e que acorda sabendo que esperam sua prisão

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se preparou longamente para prestar seu primeiro depoimento como réu em um processo aberto desde o início da Lava Jato. Mas, quando entrou na sala de audiência da 10ª Vara Federal de Brasília, às 10h11 de terça-feira (14), Lula parecia bastante nervoso.

Vestindo terno escuro, camisa lilás e sua habitual gravata com as cores da bandeira do Brasil, Lula tirava e colocava a tampa da caneta azul que estava nas suas mãos, passava a língua sobre os lábios secos e penteava o bigode com o dedo indicador direito. Quem o conhece sabe que esses são sinais particulares do nervosismo do petista.

Logo nos primeiros minutos do depoimento, Lula fez um desabafo e afirmou que acordava todos os dias com medo de jornalistas estarem na porta de seu apartamento, em São Bernardo do Campo (SP), esperando sua prisão.

“O senhor não sabe como é acordar todo dia com medo de a imprensa estar na sua porta, achando que você vai ser preso”, disse Lula ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite. Segundo o ex-presidente, há uma “perseguição” contra ele nas investigações que apuram o esquema de corrupção da Petrobras, e há alguém “instigando” que delatores falem seu nome nos acordos de colaboração com a força-tarefa da Lava Jato.

Lula foi questionado sobre sua profissão: “torneiro mecânico”, retrucou. E, sobre sua renda líquida mensal, disse que recebe aposentadoria, no valor de “uns R$ 6 mil”, mais benefícios de sua mulher, Marisa Letícia, que morreu no mês passado, em decorrência de um AVC.

“Acho que pode botar uns R$ 50 mil, estou tentando chutar”, disse Lula. “Depois, meu advogado manda para os senhores direitinho”.

Lula estava acompanhado dos advogados José Roberto Batochio, ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, além de Roberto Teixeira, Cristiano Zanin e Sigmaringa Seixas. O juiz proibiu fotografar ou filmar o réu na sala de audiências e na sala em que a imprensa acompanhava o depoimento por dois monitores de vídeo.

Questionado sobre o andamento da Lava Jato e supostas conversas que poderiam ter o objetivo de influenciar nas investigações, Lula afirmou: “Da Lava Jato, falamos no café da manhã, no almoço, no jantar e, às vezes, até depois da novela”, afirmou o ex-presidente.

Após os primeiros vinte minutos de depoimento, Lula parecia um pouco mais tranquilo.

Fez discurso político, disse que, com seu governo, o Brasil chegou “quase” a ser a quinta economia do mundo e que conversa e é “amigo” de “todos os partidos políticos”.

No fim do depoimento, Lula se emocionou ao relatar episódio em que um juiz de São Paulo riu quando um advogado chamou o ex-presidente de “doutor”, justificando que o petista tinha o título de honoris causa.

Durante o depoimento, o ex-presidente disse que é “vítima quase que de um massacre” no caso Lava Jato. Ele negou a acusação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) de que teria tentado interferir na delação de Cerveró. “Os dados são falsos”, disse Lula.


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