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Exclusivo: “7 anos de prisão é pouco” para brasileiro sentenciado por assassinato cometido no Ironbound

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By Roger Costa

“Foi o pior momento de minha vida. Tive que encarar o assassino de meu pai, provavelmente instruído por seus advogados, demonstrando arrependimento em frente a justiça” relata Filipe Castor, filho da vítima Dario Rodrigues, assassinado a sangue frio pelo também brasileiro Felipe Amaral, 27 anos, no crime bárbaro que chocou a comunidade do Ironbound na noite de 2 de julho de 2015.

Filipe Castor reside e estuda advocacia no Brasil, e esteve nos Estados Unidos há algumas semanas para comparecer à audiência do julgamento do assassino, que foi sentenciado a 7 anos de prisão em um acordo que, conforme o filho da vítima declarou à corte, “eu não aceito, mas respeito”.

Dario Rodrigues foi encontrado morto com várias facadas e o pescoço cortado em sua residência na Somme Street no bairro do Ironbound em Newark. A vítima era bastante popular na comunidade brasileira da cidade, pois trabalhava na área de restaurantes e lanchonetes, sendo conhecido por todos que já frequentaram o Altas Horas Lanches, Pão de Queijo e outros pontos comerciais da região. O crime chocou a comunidade, familiares e amigos, criando a sensação de insegurança em uma época onde havia um surto de violência, e medo de que a justiça não se importasse com o caso. Porém agentes trabalharam rapidamente seguindo evidências claras e conhecendo o relacionamento aparentemente amigável entre a vítima e o acusado, desvendaram o crime.

Após quase 2 anos com o assassino atrás das grades, e com as investigações concluídas, Filipe foi chamado pela Promotora do caso, a senhora Naazneen Khan para informá-lo de que a juíza do caso entendeu não haver provas suficientes para condenar o réu, e sugeriu um acordo de pena menor para o réu caso confessasse o crime. A partir desse acordo, o réu aceitou e foi levado ao tribunal, sendo sentenciado a 7 anos de prisão, e após cumprir a pena será deportado ao Brasil. “Foi difícil, pois ele olhou em minha cara para pedir desculpas, chorou, calou-se por alguns momentos e ainda teve a ousadia e cara de pau de pedir desculpas a mim e a minha família. Disse que preferia não ter as mãos, do que ter matado meu pai, que perdeu o filho, que nasceu quando já estava preso, e também a mulher que pediu o divórcio”, desabafa Filipe, e prossegue, angustiado com o crime que lhe tirou o seu grande herói, “trata-se de uma pessoa fria, calculista, que agiu premeditadamente. O réu já possui um histórico criminal no Brasil por violência doméstica, logo depois da morte de meu pai, vimos fotos dele nas redes sociais com a então mãe de seu filho, aproveitando um dia de praia. Só mostrou arrependimento porque foi capturado”. Filipe falou no tribunal tudo que sabia sobre o caso, e comentou que “não entendia um acordo nesse caso, pois para mim, as provas estavam nítidas e claras. Não restavam dúvidas dos indícios de autoria e materialidade do crime. Eu disse que não entendia e não me conformava com esse acordo, mas mesmo assim respeitava. Reiterei à juíza que não me conformava com o acordo e que essa condenação não me deixava mais processar o réu penalmente no Brasil, conforme descreve o artigo 7º do código penal brasileiro. Porém, posso ainda processá-lo civilmente e assim farei. Trouxe uma cópia do processo ao Brasil e como sou estudante de Direito, estou buscando todas as alternativas cabíveis junto aos meus professores e orientadores do curso sobre como proceder neste caso.”

A família da vítima ficou surpresa com a condenação baixa, mas declaram que “não resta lamentar, aceitamos, preferimos confiar mais em uma justiça Divina, acreditamos que essa não falha.”

Absolutamente! Graças a essa Justiça Divina, o caso foi concluído, revelando um assassino frio e calculista e colocando-o em seu devido lugar: atrás das grades!

Filipe também suspeita de que o dinheiro com o qual o réu está pagando seus advogados, foi roubado de seu pai. “No relatório processual vi que o réu pagou 40 mil dólares aos seus advogados. Dinheiro esse que ele disse ser proveniente de ajuda dos seus familiares no Brasil. Para mim essa é somente mais uma prova do crime, uma vez que quando ele foi aos Estados Unidos não tinha dinheiro para nada e por isso meu pai ajudou ele. Nas conversas dele com meu pai ele falava que não tinha dinheiro para ir aos Estados Unidos e que nem a família tinha recursos, agora a família tem esse dinheiro? Na minha opinião ele pagou o advogado com o dinheiro que roubou do meu pai.”

Filipe conversou exclusivamente com a equipe Brazilian Press, e gostaria de manifestar sua profunda e eterna gratidão aos detetives e procuradores que foram muito generosos, aos funcionários do Altas Horas Lanches, em especial Rafael, Paulo e José Augusto. E também às suas primas que moram em Newark e sempre o receberam de braços abertos. Ele também agradece aos detetives , e aos professores da Universidade Fumec que o auxiliaram em como proceder no tribunal, em especial Silvana Lobo (coordenadora do curso de Direito da Fumec), Ana Paula Paranhos, Guilherme Orlando e Rodrigo Suzana.

“Concluo agradecendo toda comunidade de Newark que ajudou e orou pelo meu pai e pela minha família no decorrer dessa história. Eu entendo que a justiça dos homens é complexa, mas acredito que existe uma que não falha jamais. Agora sim, meu pai pôde descansar em paz. Obrigado a todos que ajudaram ou tentaram ajudar de alguma forma. Muito obrigado à todos.” disse Filipe.


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