Muito parecido com o TikTok e desconhecido por grande parte dos pais, o Likee se tornou, ao mesmo tempo, um “refúgio” para crianças se divertirem com filtros divertidos e músicas e um terreno fértil para aproximações suspeitas de desconhecidos. Assustadas com o que viram no celular das filhas, familiares estão usando as redes sociais e lojas de aplicativos para fazer alertas.
“Tomem cuidado com as crianças. Está cheio de pedófilos fazendo comentários nojentos. É aterrorizante”, escreveu uma usuária.
Na plataforma, uma busca rápida pelo termo “pedófilo” leva a centenas de vídeos das próprias crianças reclamando: “Parem pedófilos de me chamar de gostosa, que quer me namorar, me sinto mal”, escreveu uma adolescente.
O Likee permite que você visualize vídeos de outras pessoas mesmo sem segui-las, e vice-versa, de acordo com o algoritmo. Ao fazer uma conta, ela é pública e visível a todos — mas há opção de desativar comentários e mensagens privadas de estranhos, caso as crianças alterem as configurações.
A SaferNet, associação civil que combate crimes virtuais e violação dos direitos humanos, revelou à BBC News Brasil que, apesar de ser uma rede social pouco falada e monitorada por adultos, já foram registradas denúncias envolvendo o Likee, com intensificação nos últimos meses.
Em suas políticas, o Likee informa que “não é direcionado” a crianças e que é preciso ter mais de 16 anos para aceitar os “termos de uso” e usar o aplicativo sem o monitoramento de adultos responsáveis. A realidade, porém, não é bem essa, como é comum na redes sociais. Juliana Cunha, psicóloga e diretora de projetos na SaferNet, ressalta que, mesmo que haja a indicação de não ser uma plataforma apropriada para menores de 16 anos, a rede social acaba se popularizando entre crianças por ser “livre” de adultos.
Em nota o Likee informou que está comprometido em “fornecer a todos os usuários um ambiente seguro e confiável” e que usa “inteligência artificial para identificar conteúdos relacionado a violações à segurança dos jovens”.
“Temos uma equipe trabalhando 24h para garantir que todo o conteúdo e contas reportados sejam tratados imediatamente”. Em seus canais oficiais, o Likee informou que, apenas na semana de 7/08 a 13/08, mais de 41 mil perfis foram analisados a respeito de “conteúdo impróprio”.
A opção para controle dos pais foi incluída pelo Likee no final de 2019. Com ela ativada, pais podem acessar o aplicativo no próprio celular, podem deixar algum conteúdo postado como “privado”, e a opção de mensagens privadas com desconhecidos é bloqueada.
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