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Trump põe fim ao programa de Obama que impedia a deportação de 800 mil imigrantes

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Nada parou a sua mão. Donald Trump tornou reais os piores temores e pôs fim ao programa que permitia a permanência legal nos Estados Unidos dos chamados sonhadores. Consciente do impacto que as possíveis deportações causariam em suas próprias fileiras, o presidente tentou minimizar esse ataque oferecendo uma prorrogação de seis meses enquanto o Congresso busca uma solução para os 800.000 afetados. Um recurso com um desenrolar complexo, mas que, mesmo dando certo, dificilmente apagará uma das decisões mais sombrias de seu mandato. “Que ninguém se engane, vamos colocar o interesse dos cidadãos norte-americanos em primeiro lugar”, tuitou o presidente dos EUA.

A imigração é um alvo aos olhos de Trump. Primeiro foi o muro entre os Estados Unidos e o México. Depois, os muçulmanos. Agora, os sonhadores. Um coletivo, quase 80% de origem mexicana, que encarna como poucos o sonho de multiculturalismo e integração que o país representa desde o seu nascimento. São 800.000 jovens registrados (e outros tantos que poderiam vir a ser no futuro) aos quais o próprio presidente norte-americano chegou a declarar que “amava” e a quem prometeu que não precisavam se preocupar – mas que agora, numa canetada, se viram na corda bamba, à espera de que o Congresso decida sua sorte.

Essa perpétua demolição, entretanto, topou com um limite no caso dos sonhadores: as pesquisas mostram que a medida é vista com repugnância na zona temperada do seu eleitorado. Além disso, 78% dos eleitores registrados, segundo uma pesquisa do site Político, são favoráveis à regularização dos sonhadores. Essa simpatia mostra a alta penetração social desse coletivo.

Cumpridores das regras do jogo, esses jovens – muitos dos quais nem falam o seu idioma natal – estão agora suscetíveis à expulsão. Sabedor do escândalo que isso significa, Trump tentou evitar o golpe permitindo uma prorrogação até 5 de março (só para renovações, não para novas solicitações) e passando a bola para o Congresso. Lá um pacto é imprevisível, mas não impossível. Figuras destacadas como o presidente da Câmara de Representantes (deputados), o republicano Paul Ryan, pediram a Trump que deixe os parlamentares procurarem uma solução permanente. “Estamos falando de garotos que não conhecem outro país nem outro lar. Vivem num limbo que exige uma solução legislativa”, afirmou Ryan.

Embora a Administração Trump insista em que não se trata de um grupo prioritário para a deportação, é quase impossível que não haja casos de expulsão se nenhuma lei for afinal aprovada. Sobretudo porque as autoridades possuem todos os dados dos sonhadores, como sua data de entrada no país e filiação. “O impacto nas deportações será mínimo. O esforço se centra em criminosos, pessoas com ordens de expulsão e aqueles que retornaram após serem expulsos”, afirmou um responsável pelo Departamento de Segurança Doméstica.

Essa falta de apoio parlamentar permite agora que seu sucessor cancele o programa com uma canetada. Além disso, oferece um argumento venenoso à direita mais radical, que o vê como um caso flagrante de extrapolação dos poderes executivos em matéria migratória. Sob esse raciocínio, 10 Ministérios Públicos estaduais, encabeçados pelo do Texas, deram um ultimato a Trump para que cancelasse o programa na terça-feira. Caso contrário, recorreriam à Justiça. Diante da ameaça, e contrariando o parecer do seu chefe de gabinete, o general John Kelly, o presidente decidiu suspender o programa.

“Esta Administração não tomou levianamente a decisão de pôr fim ao DACA. Avaliamos o programa cuidadosamente e analisamos seus problemas jurídicos. Só tínhamos duas opções: retirar ordenadamente o programa, protegendo os seus beneficiários enquanto o Congresso trabalha, ou permitir que os juízes cancelem o programa de forma completa e imediata. Decidimos adotar a opção que causa menos perturbação”, afirmou o Departamento de Justiça.


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